NEGÓCIOS

Americanas: acionistas aprovam ações judiciais contra ex-diretores por rombo de R$ 25 bilhões

existência de uma fraude contábil colocou a Americanas em uma grave crise financeira

Americanas - Reprodução

Os acionistas da Americanas aprovaram, nesta quarta-feira (11), que a atual direção da varejista entre com ações de responsabilidade civil contra os ex-diretores da companhia acusados de terem causado um rombo superior a R$ 25 bilhões na empresa, revelado no início do ano passado.

A existência de uma fraude contábil colocou a Americanas em uma grave crise financeira e fez a empresa a recorrer a um processo de recuperação judicial. Em julho, a varejista fez um aumento de capital e os bancos, que eram os credores, passaram a ser sócios, com 47,6% das ações.

Segundo o mapa da votação final da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), a maioria dos acionistas autorizou "a propositura da ação de responsabilidade civil" contra Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, Anna Saicali (ex-CEO da B2W, que era o braço de comércio eletrônico), José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, ambos ex-vice-presidentes da Americanas..

Segundo fontes, era preciso um aval formal dos acionistas para que a atual administração ingressasse com ação judicial contra os antigos gestores. Segundo o mapa da AGE, a ação judicial será "em razão dos prejuízos causados à companhia no contexto da fraude contábil e dos demais atos ilícitos praticados durante o exercício social finalizado em 31 de dezembro de 2022".

Em julho, a varejista havia informado que as evidências apresentadas pelo Comitê Independente confirmaram a existência de fraude contábil, caracterizada principalmente por lançamentos indevidos na conta de fornecedores por meio de contratos fictícios de verbas de propaganda cooperada (VPC) e por operações financeiras conhecidas como “risco sacado”.

Parecer encaminhado para PF e MPF
Na ocasião, a Americanas informou que o Conselho de Administração orientou que a diretoria avaliasse as medidas que poderiam ser tomadas "para a defesa dos interesses sociais da companhia e o ressarcimento pelos prejuízos". A varejista afirmou ainda que enviará os relatórios ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal (PF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O relatório elaborado pelo Comitê Independente foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), à Polícia Federal (PF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Rial foi absolvido pela CVM
No início deste mês, a CVM absolveu Sergio Rial, ex-CEO da Americanas que revelou ao mercado a existência das inconsistências contábeis, em processo em que o executivo era acusado de violar regras do mercado de capitais na divulgação da crise na varejista, em janeiro do ano passado.

Já o ex-diretor de Relações com Investidores do grupo João Guerra, que assumiu o comando da companhia no lugar de Rial, foi condenado pelo colegiado da autarquia. A advogada de defesa do executivo, Maria Lucia Cantidiano, informou que vai recorrer da decisão.

Os executivos foram acusados de exporem informação relevante antes que ela fosse divulgada pela companhia.