"O Auto da Compadecida 2": no Recife, equipe ressalta expectativa para estreia da sequência
Continuação do filme inspirado na obra de Ariano Suassuna chega aos cinemas no Natal
“O Auto da Compadecida” (2000) está, para muitos, no topo da lista dos mais estimados filmes brasileiros de todos os tempos. Tanto carinho justifica a enorme expectativa em torno do lançamento de sua sequência, que chega aos cinemas brasileiros quase 25 anos após o primeiro, em 25 de dezembro, no dia de Natal.
Para divulgar o novo longa-metragem, elenco e direção marcam presença no Recife nesta quarta-feira (11). Em entrevista à Folha de Pernambuco, falaram sobre a experiência de reencontrar personagens tão queridos pelo público depois de mais de duas décadas.
“O João Grilo me acompanhou, nesses 25 anos, diariamente. Todas as vezes que eu saio na rua alguém sorri para mim, e esse sorriso é para o João Grilo”, aponta Matheus Nachtergaele, que repete a parceria em cena com Selton Mello, novamente como Chicó.
“É uma coisa mágica. Parece que a gente nasceu para fazer esses personagens e para ser uma dupla”, comenta Selton. Para o ator, a essência do seu personagem foi mantida em “O Auto da Compadecida 2”.
“O tempo passou, ele envelheceu, mas continua o mesmo. É frouxo, tem uma imaginação fértil e continua contando aquelas mentiras extraordinárias. Só que agora ele evoluiu para ser um poeta”, explica.
Nova história
Na trama do filme, Chicó segue vivendo na pacata Taperoá, vivendo de contar a história de como João Grilo morreu e ressuscitou. Seu grande amigo, que há anos não dá as caras, reaparece e logo monta um plano para ludibriar os poderosos da cidade e enriquecer às custas deles.
O pernambucano Guel Arraes volta à direção, desta vez dividindo o cargo com a conterrânea Flávia Lacerda, que foi sua assistente no primeiro filme. Sobre a decisão de dar continuidade à obra audiovisual, a diretora explica: “O Brasil estava tão carente de se reencontrar nas telas que a gente pensou: por que não voltar com essa história e com o carinho que esse filme recebeu por tantos anos?”.
Se o primeiro filme tinha como base dramatúrgica a peça de Ariano Suassuna, a continuação precisou de um enredo original para ser levada às telas. “A gente fez uma história ao nosso modo, pesquisando a obra do Ariano, mas como um suporte para segurar esse eixo principal”, conta Guel, que criou o roteiro com João Falcão, em colaboração com Jorge Furtado e Adriana Falcão.
Novatos e veteranos
Novos atores foram acrescentados aos elenco, como Fabíula Nascimento, Eduardo Sterblitch, Luis Miranda e Taís Araújo, que substitui Fernanda Montenegro na pele da Compadecida. Outros reprisam seus papéis no primeiro filme, como Enrique Diaz e Virginia Cavendish.
Rosinha, grande paixão da vida de Chicó, ressurge diferente. Deixando de lado os ares de mocinha, ela assume o papel de mulher independente. “Em algum momento, houve um desentendimento com o Chicó e eles se separaram, mas ela não perdeu sua estrutura como ser humano. Ela trabalha, talvez tenha tido outros relacionamentos, tem uma vida que não depende de uma cara metade”, revela a atriz.
Diferente do primeiro longa, o novo filme não foi gravado em Cabaceiras, na Paraíba. A direção optou por filmar dentro de um estúdio no Rio de Janeiro. “Nossa Taperoá é muito mais um lugar de fábula do que uma cidade real”, declara Guel.
Matheus admite que a expectativa dos fãs gera alguma pressão sobre a equipe, mas acredita na emoção que a nova obra deve despertar no público. “Com certeza, as pessoas que forem ao cinema vão se sentir agraciadas, reencontrar grandes amigos e grandes sentimentos que já tiveram um dia pelo cinema e pelo Brasil”, afirma.