EUA

Donald Trump é escolhido Pessoa do Ano pela revista Time

Presidente eleito dos Estados Unidos recebe reconhecimento pela segunda vez

Trump na capa da revista Time - reprodução

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi escolhido Pessoa do Ano pela revista Time. O republicano já havia recebido tal reconhecimento em 2016, quando ascendeu à Casa Branca pela primeira vez.

"O renascimento político de Trump é incomparável na História americana. Seu primeiro mandato terminou em desgraça, com suas tentativas de anular os resultados das eleições de 2020 culminando no ataque ao Capitólio dos EUA. Ele foi rejeitado pela maioria das autoridades do partido quando anunciou sua candidatura no final de 2022 em meio a várias investigações criminais. Pouco mais de um ano depois, Trump limpou o campo republicano, conquistando uma das primárias presidenciais mais disputadas da História", justifica a reportagem da Time.

A revista também destacou que Trump volta à Casa Branca depois de ser o primeiro presidente da História dos EUA a ser condenado por um crime e de ser alvo de tentativas de assassinato na corrida eleitoral deste ano. A Time ressaltou que o republicano venceu a oponente Kamala Harris, nomeada após a desistência de Joe Biden, nos sete estados-pêndulo e no voto popular.

Trump na capa da revista Time - Foto: reprodução

"Ele passou seis semanas durante a eleição geral em um tribunal da cidade de Nova York, o primeiro ex-presidente a ser condenado por um crime — um fato que pouco fez para diminuir seu apoio. A bala de um assassino errou seu crânio por menos de uma polegada em um comício em Butler, Pensilvânia, em julho. Nos quatro meses seguintes, ele derrotou não um, mas dois oponentes democratas, venceu todos os sete estados indecisos e se tornou o primeiro republicano a vencer o voto popular em 20 anos. Ele realinhou a política americana, refazendo o Partido Republicano e deixando os democratas avaliando o que deu errado", diz a Time.

Para a publicação, Trump aproveitou o "profundo descontentamento nacional" sobre a economia, a imigração e questões culturais para superar os adversários. Amealhou o apoio, por exemplo, de "mães suburbanas e aposentados, homens latinos e negros, jovens eleitores e os donos da tecnologia", em parte anteriormente vinculados aos democratas. Em entrevista à revista, o republicano deu uma explicação para a sua "volta por cima".

— Eu chamei de 72 Dias de Fúria — disse ele, logo no início da conversa. — Nós atingimos o nervo do país. O país estava bravo.

A Time ressaltou que Trump "concorreu com uma visão de homem forte, propondo deportar migrantes aos milhões, desmantelar partes do governo federal, buscar vingança contra seus adversários políticos e desmantelar instituições que milhões de pessoas veem como censuradoras e corruptas".

A publicação lembrou que Trump retoma o poder em janeiro com um Congresso dominado por correligionários e com uma Suprema Corte de maioria conservadora. A reportagem destacou que o republicano prometeu impor tarifas alfandegárias a países estrangeiros e ameaçou retirar o apoio militar, humanitário e econômico dos EUA a aliados — mas poderia acabar frustrado pelo sistema de contrapesos da democracia americana, pela burocracia federal e pela pressão popular.

"Trump provou duas vezes agora que pode surfar no poder com base em sentimentos anti-incumbentes, um culto à personalidade e retórica divisiva, incluindo ataques racistas e xenófobos. Ele ainda precisa provar que pode promulgar a visão radical com a qual fez campanha", afirma a Time. "Se Trump pode realmente consertar as causas da raiva dos americanos é outra questão. Agora ele terá que lidar com as mesmas forças que levaram à Casa Branca: uma economia globalizada, migração em massa, a ascensão da China, que atormentaram antecessores de ambos os partidos".