PRESIDENTE LULA

"Estava com dor de cabeça, mas achei que era o sol", diz Lula sobre sintomas antes da cirurgia

Em entrevista ao Fantástico logo após receber alta, Lula confessou ter sentido medo ao saber que passaria por uma cirurgia no cérebro; Janja caracterizou a noite do procedimento como a segunda pior de sua vida

Presidente Lula - Paulo Pinto/Agência Brasil

Após receber alta na tarde deste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu uma entrevista ao Fantástico. Internado por seis dias consecutivos, após ter sido submetido a uma cirurgia no cérebro, Lula contou que estava com sintomas ao menos um dia antes de sua internação, na noite de segunda-feira.

Eu não podia ter dor de cabeça, não podia cair, fazer movimento brusco, mas a teimosia que ta dentro da gente: voltei a fazer esteira, a fazer exercício (...) Eu fui para o Uruguai, participar do acordo da Reunião do Mercosul e voltei. No domingo eu estava com dor de cabeça, eu achei que era por causa do sol. Não levei muito a sério. Na segunda-feira eu comecei a sentir alguns movimentos esquisitos na perna, uma certa lentidão. Aí eu fui trabalhar. Eu estava reunido com o Pacheco, com o Lira e com vários ministros, discutindo a questão do acordo feito na Suprema Corte, quando eu pedi para chamar o doutora Ana.
 

Ao longo da entrevista, conduzida pela jornalista Sônia Bridi, o presidente relatou seu susto após fazer a ressonância e os médicos falarem que teria que operar. Ele confessa não ter tomado "o cuidado" necessário.

Eu achei que estava fora de perigo, isso é a verdade. Achei que estava fora de perigo, porque a última ressonância que eu fiz mostrava que estava diminuindo a quantidade de líquido na minha cabeça. Mas era engano meu. Eu estava tomando cuidado, eu não tomei o cuidado.

Lula detalhou a queda em outubro que lhe causou traumatismo craniano. O episódio, que ocorreu no banheiro do Palácio do Alvorada, está diretamente conectado com a hemorragia observada nesta semana.

(Cortava a) Unha da mão. Unha da mão. Eu acabei de cortar a unha, lixei a unha e fui guardar no estojo. Ao invés de eu afastar o banco, eu tentei afastar só a minha bunda. Essa é verdade. E acabou o banco. Eu caí de costas, bati na cabeça na hidromassagem afirmou.

Segundo ele, na hora da queda estava sozinho. A primeira-dama, Janja da Silva, estava na cozinha. Sangrando, foi imediatamente ao hospital.

As 24 horas antes da cirurgia
Janja, por sua vez, relatou como foi a segunda-feira, antes do casal presidencial procurar atendimento médico. Segundo a primeira-dama, ele estava bem até a hora do almoço. Ela assumiu que teve medo de seu marido não sobreviver.

Ele começou a decair durante a tarde, e aí a gente foi para o Sírio, e eu posso te dizer que aquela, depois da noite que a minha mãe faleceu, aquela foi a pior noite. Eu não sabia como a gente ia amanhecer, então foi realmente momentos angustiantes de não saber o que que ia acontecer. Mas, graças a Deus, a gente está aqui hoje, ele está bem. Eu fiquei realmente emocionada de vê-lo vestido.

O médico do presidente, o cardiologista Roberto Kalil, afirmou que havia o risco de ocorrer "o pior", uma vez que a hemorragia não fosse detectada.

Sem exercício físico
Sentindo-se bem hoje, Lula reclamou de não poder praticar exercícios físicos nos próximos dias. O presidente contou que, usualmente, anda na esteira por dez minutos em uma velocidade de 7 km/h.

Eu tenho que esperar cicatrizar o furo que eles fizeram para tirar o líquido. Um furo para tirar o líquido, outro para jogar o furo, outro para lavar o cérebro. Então... Está com vários curativos na cabeça, por isso que eu tô com essa chapéu aqui. Então, eu vou me cuidar, vou eu me cuidar eu tenho muita responsabilidade, eu tenho muita disciplina, eu vou me cuidar. Tenho a Janja que é uma fiscal, sabe, ela é o meu VAR disse, em bom humor.

O presidente afirmou que ficará em São Paulo até quinta-feira, quando voltará à Brasília. Ele se mostrou esperançoso de quem conseguirá ir a sua próxima viagem internacional, em 27 de março, ao Japão. O repouso é de 45 a 60 dias.