Rafael Portugal celebra as origens na pele do Damião de ''Cosme e Damião Quase Santos''
Humorista fala sobre o processo da nova série do Globoplay
Nos últimos tempos, Rafael Portugal se tornou um dos principais nomes do humor do Grupo Globo e ganhou autonomia para criar e apresentar projetos. Algumas ideias, no entanto, ele considerou muito pessoais, a ponto de guardar por mais tempo. Com personagens criados há mais de 15 anos e que agora chega ao Globoplay, ''Cosme e Damião – Quase Santos'' é uma série criada a quatro mãos com seu amigo de longa data, Cezar Maracujá.
Produzida em parceria com o canal Multishow e a trupe da Porta dos Fundos, a trama acompanha as aventuras de uma dupla de amigos que sobrevivem de pequenos bicos, ora se envolvendo em alguma ideia megalomaníaca, ora tentando se safar de uma enrascada que eles mesmos cavaram. ''Essa série, quem sabe, é o maior projeto da minha vida. Pois foi criado dentro da minha casa, com um amigo do humor que é também um amigo pessoal. O Cezar é meu padrinho de casamento. Então, é uma realização de vida mesmo'', valoriza.
Carioca e torcedor do Fluminense, Portugal fez de tudo um pouco antes de ser descoberto pela rapidez e tom popular de seu humor, passando por funções como repositor de supermercado, auxiliar de escritório e até figurante da extinta ''Malhação''. Em 2015, ao ser finalista do ''Prêmio Multishow de Humor'', acabou sendo convidado para ser integrante da Porta dos Fundos. Com projetos no Comedy Central, Amazon Prime Video e Netflix, ele chegou à Globo em 2020 para ter um quadro no ''Big Brother Brasil''.
Hoje, faz parte do elenco fixo do ''Domingão com Huck'' e ainda prepara mais uma temporada do programa solo ''Portugal Show''. ''Essa série celebra as minhas origens e chega em um momento em que tenho realizado muitos sonhos. Tenho muito orgulho da minha trajetória e ainda há muito para criar e trabalhar'', ressalta.
P – Os personagens de ''Cosme e Damião – Quase Santos'' foram idealizados há 15 anos. Por que só agora adaptar as histórias para a tevê?
R – A ideia da série sempre existiu. Mas outros compromissos e projetos foram surgindo. Recentemente, a gente começou a rever os vídeos antigos que tinham sido postados na internet e bateu saudade de criar. São personagens muito vivos na nossa mente, pois surgiram da experiência de pegar trem e ônibus lotado quando íamos trabalhar. Porém, era uma coisa tão minha e do Cezar, que eu comecei a ter dúvidas sobre a viabilidade do projeto. Era o meu lado pessimista gritando (risos).
P – Como essa insegurança foi se dissipando?
R – Minha esposa foi uma grande incentivadora e o Cezar também ficou muito empolgado. O ponto de partida foi mesmo o interesse do Globoplay no projeto. Na sequência, conseguimos também o envolvimento da Porta dos Fundos na coprodução. Acho que ter esse apoio me deixou mais à vontade. Chego a duvidar que esse projeto realmente aconteceu.
P – Por quê?
R – É a realização de um sonho. Passa um filme na minha mente, viajo para um tempo quando as coisas não eram tão fáceis. Na época, eu e Cezar estávamos nos preparando para um teste no setor de comédia da Globo e queríamos mostrar nossa sintonia como dupla. Nosso ponto em comum era a vida no subúrbio.
P – Realengo, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro, surge como um personagem dentro da série. Existe alguma preocupação em fazer com que o texto não fique tão local e conquiste outros públicos?
R - A história é ambientada em Realengo, mas ele está representando todos os bairros de subúrbio do Rio de Janeiro e do Brasil. Tudo o que se passa na série é reflexo das nossas vidas e das inúmeras observações ao nosso redor. Muitos episódios trazem piadas que estão em nossos textos de stand-up. Sem dúvidas, a identificação é mais forte para quem mora nas periferias, mas temos certeza de que a série tem carisma suficiente para conquistar um público bem abrangente.
P – Como foi o processo de criação a quatro mãos com o Cezar?
R – Muito simples e natural. É uma relação de amizade que virou trabalho. Somos amigos há uns 16 anos. Trabalhamos em vários projetos juntos, frequentamos a casa um do outro, conhecemos as famílias. Vivemos muitas aventuras fora das câmeras, que, inclusive, nos ajudam diante delas, pois existe muita cumplicidade.