Câmara dos Deputados

Área técnica do Planalto dá aval a remanejamento de emendas que beneficia reduto de Lira

Secretaria jurídica do governo disse que pedido de líderes estão de acordo com novas regras

Projeto aprovado pela Congresso prevê que indicações de emendas de comissão precisam ser aprovadas pelos colegiados e terem essas votações registradas em atas públicas, o que não aconteceu com as novas indicações - Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/Arquivo

A Secretaria de Assuntos Jurídicos do Presidência da República (SAJ) afirmou em parecer que o pedido de líderes da Câmara para a execução de R$ 4,2 bilhões de emendas de comissão atende às novas regras colocadas pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal de transparência. O montante já estava previsto no Orçamento de 2024, mas estava bloqueado desde uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de agosto.

Deste valor, R$ 180 milhões são referentes a "novas indicações", sendo que 40% (R$ 73 milhões) são direcionados ao Estado de Alagoas, reduto eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O projeto aprovado pela Congresso prevê que indicações de emendas de comissão precisam ser aprovadas pelos colegiados e terem essas votações registradas em atas públicas, o que não aconteceu com as novas indicações, porque as comissões da Câmara foram suspensas na semana passada. Para a SAJ, essa é uma regra que só valeria para 2025.

Outro ponto é sobre a autoria da indicação da emenda. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino exigiu que esse “apadrinhamento” seja nominal, com publicidade do nome do deputado ou senador que indicou a verba, sem que isso seja feita de forma genérica, como “autor: Comissão de Educação”.

A secretaria do governo entendeu que, como o ofício é assinado por 17 líderes, esse requisito está atendido.

“Firmadas todas essas considerações, verifica-se que adveio ao Poder Executivo Federal um ofício subscrito por 17 deputados, líderes de específicos partidos da Câmara de Deputados, qualificando-se como solicitantes de um amplo rol de emendas RP8. Observa-se que, em atenção aos requisitos acima expostos, houve o preenchimento formal do requisito previstos”, diz o parecer.

Técnicos da Corte, no entanto, avaliam que isso é uma interpretação forçada das decisões proferidas pelo Supremo nos últimos anos sobre as emendas. O entendimento interno é que, desde 2022, o que se cobra nas emendas de relator e comissão é transparência e rastreabilidade, o que inclui saber o autor específico de cada indicação e de deliberação pelas comissões permanentes da Câmara e do Senado.

No fim da tarde desta terça-feira, o PSOL entrou com um mandado de segurança no STF questionando o ofício dos 17 líderes.