ESTADOS UNIDOS

Biden apresenta novos objetivos climáticos antes do retorno de Trump

O país prevê agora reduzir suas emissões entre 61% e 66% até 2035 em relação aos níveis de 2005

Biden, presidente dos Estados Unidos - Kevin Dietsch/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou nesta quinta-feira, 19, um plano para o clima com uma nova meta de redução das emissões de gases de efeito de estufa, semanas antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca.

O país prevê agora reduzir suas emissões entre 61% e 66% até 2035 em relação aos níveis de 2005, segundo o plano de ação apresentado às Nações Unidas.

O segundo maior poluidor do mundo assume o compromisso de limitar o aquecimento a longo prazo a 1,5 grau Celsius. Até agora, os Estados Unidos haviam se comprometido a reduzir as suas emissões à metade até 2030, em comparação com os níveis de 2005.

“Estou orgulhoso de que meu governo esteja buscando a agenda climática mais ousada da história americana”, disse Biden em uma declaração em vídeo elogiando as novas medidas destinadas a manter os Estados Unidos no caminho para zero emissões líquidas até 2050.

“Transformaremos esta ameaça existencial em uma oportunidade única de transformar nossa nação para as próximas gerações”, acrescentou.

Mas seu legado climático está em jogo. Trump, um cético em relação à mudança climática que se autodenomina pró-combustíveis fósseis, prometeu durante sua campanha “perfurar ao máximo”, na contramão da política de transição energética de Biden.

Retrocessos nos compromissos internacionais são esperados, incluindo no Acordo de Paris.

“Em seu primeiro mandato, o presidente Trump promoveu a conservação e a gestão ambiental, ao mesmo tempo que impulsionou o crescimento econômico para as famílias”, disse a porta-voz da transição, Karoline Leavitt, em nota enviada à AFP.

Ela acrescentou que as políticas de Trump “produziram energia acessível e confiável para os consumidores, juntamente com empregos estáveis e bem remunerados, ao mesmo tempo em que reduziram as emissões de carbono dos EUA para o nível mais baixo em 25 anos”, detalhou.

Estados e empresas em ação?
Em uma conversa com jornalistas, o enviado de Biden para o clima, John Podesta, reconheceu que, embora Trump “possa colocar a ação climática em segundo plano”, o setor privado e os governos estaduais e locais podem impulsionar seu avanço.

“Não é uma ilusão, já aconteceu antes”, destacou.

Os grupos ambientalistas acolheram favoravelmente a nova meta, que inclui o compromisso de reduzir as emissões de metano em 35% até 2035.

Para Debbie Weyl, do World Resources Institute, pode ser um caminho. Mas considera “possível que o governo Trump não mexa um dedo para levar este plano adiante”.

Meta não cumprida
Pode-se afirmar que o governo Biden executou os programas climáticos mais ambiciosos da história americana, começando com sua adesão ao Acordo de Paris, a aprovação da Lei de Redução da Inflação com investimentos recordes em energia limpa e o compromisso de proteger 30% do solo e da água até 2030.

Os críticos denunciam que os Estados Unidos continuam sendo o maior produtor mundial de combustíveis fósseis. Apesar dos progressos, ainda estão aquém do seu atual objetivo para 2030 de reduzir as emissões em 50% a 52% abaixo dos níveis de 2005.

Segundo um relatório recente do grupo independente Rhodium, Washington está no caminho certo para alcançar uma redução de 32-43% até 2030. Um funcionário de alto escalão do governo estima, no entanto, que esteja agora em torno de “45-46%”.

As tendências do mercado e a queda dos custos das energias renováveis podem limitar o retrocesso sob Trump. Ainda que o magnata retire os Estados Unidos do Acordo de Paris no seu primeiro dia de mandato, o processo leva um ano.