EUA

Mangione: suspeito de matar CEO vai enfrentar acusações federais, que podem levá-lo à pena de morte

Apontado como autor do crime contra Brian Thompson já era alvo de investigação estadual por 'ato de terrorismo'

Luigi Mangione, preso por matar CEO Brian Thompson, tinha raio-x da coluna em capa de rede social - Reprodução

O suspeito de matar a tiros o CEO da UnitedHealthcare, Brian Thompson, em uma calçada de Manhattan neste mês, agora vai enfrentar acusações federais, além do processo de assassinato movido contra ele em Nova York. Três fontes com conhecimento do assunto confirmaram a informação ao New York Times.

Não ficou imediatamente claro quais acusações o suspeito, Luigi Mangione, enfrentaria no caso federal, que está sendo movido por promotores do Gabinete do Procurador dos EUA para o Distrito Sul de Nova York.

Na terça-feira, promotores estaduais no gabinete do Procurador Distrital de Manhattan, Alvin L. Bragg, indiciaram Mangione, de 26 anos, por atos que o rotularam como terrorista.

Acusações federais, no entanto, potencialmente permitiriam que os promotores buscassem a pena de morte, que foi proibida em Nova York há décadas.

Não ficou claro se os promotores federais buscariam a pena de morte, e qualquer decisão sobre a pena capital provavelmente caberia ao Departamento de Justiça assim que o presidente eleito Donald Trump assumisse o cargo.

Um porta-voz do procurador dos EUA em Manhattan se recusou a comentar. A pena mais alta que Mangione enfrentaria se condenado em um tribunal estadual seria prisão perpétua sem liberdade condicional.

"O caso estadual prosseguirá em paralelo com qualquer caso federal", disse Danielle Filson, porta-voz do gabinete do promotor público de Manhattan. "Este réu atirou descaradamente em Thompson à queima-roupa em uma calçada de Manhattan. O gabinete do promotor público de Manhattan, trabalhando com nossos parceiros no NYPD, está dedicado a garantir justiça para este assassinato hediondo com acusações de assassinato em primeiro grau".

A advogada de Mangione, Karen Friedman Agnifilo, disse em uma declaração que o envolvimento do Distrito Sul no caso levanta uma série de questões "preocupantes".

"A decisão relatada do governo federal de acumular [acusações] em cima de um caso de assassinato em primeiro grau e terrorismo de Estado já sobrecarregado é altamente incomum e levanta sérias preocupações constitucionais e estatutárias de dupla incriminação", disse ela. "Estamos prontos para lutar contra essas acusações em qualquer tribunal em que sejam apresentadas".

As acusações federais são o mais recente desenvolvimento em um caso que tem mobilizado os americanos nas semanas desde o assassinato de Thompson, em 4 de dezembro.

Imagens de câmeras de vigilância mostraram uma pessoa andando atrás de Thompson do lado de fora do hotel Hilton, no centro de Manhattan, levantando uma arma equipada com um silenciador e atirando nele várias vezes antes de fugir da cena.

Autoridades disseram que foi Mangione quem esperou do lado de fora do hotel naquela manhã de quarta-feira por quase uma hora até Thompson chegar para uma reunião com investidores da UnitedHealthcare. Quando Thompson se aproximou da entrada do hotel, foi baleado uma vez nas costas e uma vez na perna.

De acordo com as autoridades, Mangione fugiu para o centro da cidade em uma e-bike e logo deixou o estado.

Mangione foi preso dias depois, enquanto estava sentado em um McDonald's em Altoona, comendo batata frita e olhando para seu laptop. Um cliente comentou com um amigo que ele se parecia com a pessoa nas fotos que a polícia havia compartilhado. Um funcionário que ouviu a conversa chamou a polícia.

O suspeito foi encontrado com uma arma de fogo, munição e carteiras de identidade falsas — incluindo uma que havia sido usada para fazer o check-in no albergue em Manhattan, de acordo com as autoridades. Também foi encontrada com ele uma nota manuscrita de 262 palavras que a polícia descreveu como um manifesto, no qual ele parecia assumir a responsabilidade pelo assassinato.