Procuradora da Geórgia é afastada de caso de interferência eleitoral contra Trump
Tribunal citou a 'impropriedade' de um relacionamento íntimo que Fani Wills teve com um ex-integrante da equipe de acusação
Um tribunal estadual da Geórgia decidiu nesta quinta-feira remover a promotora distrital Fani Willis do caso de interferência eleitoral de 2020 envolvendo o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, mas rejeitou a proposta do republicano de arquivar o caso.
A decisão representa um grande revés para os promotores estaduais em um dos dois processos criminais restantes contra Trump, que se prepara para assumir a Casa Branca em janeiro.
O Tribunal de Apelações da Geórgia citou a “impropriedade” de um relacionamento íntimo que ela teve com um ex-integrante da equipe de acusação.
No início deste ano, um juiz de primeira instância determinou que ela poderia permanecer no caso, mas o tribunal de recursos discordou da decisão por 2 votos a 1.
Embora o parecer não tenha especificado os próximos passos, se Fani não levar o caso à Suprema Corte estadual, é provável que ele seja transferido para o Conselho de Promotores da Geórgia para nova designação.
“Após analisar cuidadosamente as conclusões do tribunal de primeira instância em seu despacho, concluímos que ele errou ao não desqualificar a promotora Fani Willis e seu escritório”, disse o painel de três juízes.
“Ainda que reconheçamos que a aparência de impropriedade geralmente não é suficiente para apoiar a desqualificação, este é o caso raro em que a desqualificação é obrigatória e nenhum outro remédio será suficiente para restaurar a confiança na integridade desses procedimentos”.
Em entrevista à rede conservadora Fox News, Trump afirmou que a acusação estava “totalmente encerrada” e disse que ele e seus co-réus deveriam “receber um pedido de desculpas”. Seu advogado, Steve Sadow, chamou a decisão de “bem fundamentada e justa” em comunicado.
Amy Lee Copeland, ex-promotora federal na Geórgia, disse que qualquer promotor designado para o caso poderia revisar o esforço de acusação para determinar se o processo deve prosseguir e, se assim o fizer, terá de enfrentar a questão sem precedentes de levar adiante acusações estaduais contra um presidente dos EUA em exercício. Ela disse que ficaria “surpresa” se o próximo promotor encarregado optasse por avançar com o caso contra Trump assim que ele voltar à Casa Branca.
Após a vitória de Trump nas eleições presidenciais de novembro, dois processos criminais federais contra ele já foram arquivados por um procurador especial do Departamento de Justiça, seguindo sua política de longa data de não processar presidentes em exercício. Um juiz estadual em Manhattan está decidindo se o caso de evasão fiscal pelo pagamento de suborno a uma ex-atriz pornô pode prosseguir.
No caso da Geórgia, Trump foi acusado de associação criminosa por tentativas de adulterar os resultados da eleição presidencial de 2020. Fani conseguiu vários acordos de confissão antecipados, mas o caso ficou envolto em controvérsia após a revelação de seu relacionamento com o promotor especial Nathan Wade. Ela pode recorrer de sua desqualificação junto à Suprema Corte da Geórgia.