Figueira: presença marcante
Diz-se que a memória suaviza o desassossego da saudade, pois a memória vence o tempo. E isto acalenta, porque existem pessoas que serão lembradas pela predestinação em transformar o meio social a sua volta, especialmente quando se tem a oportunidade e o privilégio existencial de acompanhar, participar e compartilhar esse caminhar.
Transcorrido um ano da ausência de Antonio Carlos Figueira, escrevo para homenagear sua brilhante trajetória no IMIP. Detentor de uma intelectualidade diferenciada, múltiplas habilidades, as suas práticas, exemplos e obras evidenciam suas inúmeras e significativas contribuições, materiais e imateriais.
A trajetória de Figueira no IMIP, como Presidente e Superintendente, foi marcada por avanços significativos, dentre tantos feitos, implantou um modelo inovador de gestão, com controle, avaliação e acompanhamento hospitalar, instituiu a exclusividade de atendimento ao SUS e Assistência Integral.
Idealizou grandes projetos estruturais, como a construção do prédio II do Hospital Geral de Pediatria, o projeto de restauro, modernização e reativação do Hospital Pedro II, a edificação do Ambulatório Central e o Centro de Pesquisa Clínica. Sob sua liderança, o IMIP foi certificado como Hospital de Ensino, expandiu os leitos hospitalares em 128%, aumentou em 98% os atendimentos ambulatoriais e registrou um crescimento de 65% nas internações.
Consistente em seus conceitos, articulador, aglutinador, humanista e amigo, Figueira, sempre lutou a favor do acesso com qualidade ao Sistema Público de Saúde. Para isso, recorria à ciência, às práticas de saúde e educacionais inovadoras na busca continua do fortalecimento do SUS.
Em sua vida, a saúde pública, o academicismo, a cultura e a justiça social foram suas paixões e o apoio imprescindível da família, das amizades fraternas e o sentimento cristão, nortearam sua vida, acreditando ele que a força que anima a aventura humana está na possibilidade de construir a realidade a partir dos sonhos compartilhados.
Amigo Figueira, para finalizar esse breve registro e expressar meu sentimento, utilizo uma estrofe do poeta popular Antônio Pereira, que diz: Saudade é um parafuso / Que quando na rosca cai / Só entra se for torcendo / Porque batendo não vai / Depois que enferruja dentro / Nem distorcendo sai.