Setor agrícola brasileiro tende a crescer 5% em 2025, segundo a CNA
Em Pernambuco, o agronegócio cresceu 11,4% no último trimestre deste ano. A expectativa é de que a alta se mantenha no próximo ano
Projeções da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio nacional, em 2025, deve reverter a retração dos últimos meses, registrando um crescimento de até 5% em relação a 2024, quando o segmento deve fechar com uma alta de 2%. Por outro lado, em Pernambuco, após a alta de 11,4% no último trimestre deste ano, a expectativa é de que o setor se mantenha em ascensão, mas com números menos expressivos.
A diferença entre os índices do setor no Estado e no País reflete o desempenho distinto da agropecuária nos dois contextos. Enquanto Pernambuco registrou números positivos neste ano, com aumento de 12% no primeiro trimestre e de 22% no segundo trimestre, a produção no Brasil, no mesmo período, apresentou queda de 3,5% na variação do Produto Interno Bruto relativo às atividades do agronegócio.
Para a CNA, o desempenho negativo da atividade é resultado da queda nos preços desde 2023, além da diminuição na produção de algumas culturas, especialmente na agricultura dentro da porteira, como soja e milho, por exemplo.
Em Pernambuco, a análise sobre o desempenho do setor agropecuário revela que a atividade está em processo de recuperação acelerada, segundo Daniel Oliveira, diretor de estudos da Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco CONDEPE/FIDEM.
Oliveira classifica a situação do setor como "favorável e promissora em relação ao seu desempenho recente" e destaca a pecuária como um dos principais motores dos indicadores agropecuários.
Ele aponta que produtos como ovos, aves e leite têm impulsionado esse crescimento, com níveis de produção já se aproximando dos registrados em 2019 e 2020, superando a queda de 2022, quando o PIB estadual registrou uma queda de 0,4% no último trimestre.
Safra 2024/2025
Sobre a expectativa para o rendimento das atividades agropecuárias, que deve refletir no incremento esperado na variação do PIB do agronegócio no Brasil, a estimativa para a safra de grãos 2024/2025 é de um recorde de 322,53 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 8,2% ou 24,6 milhões de toneladas em relação à safra 2023/2024. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Pecuária
Pensando no futuro da agropecuária na composição do PIB do Estado no próximo ano, embora ainda não tenha sido realizado levantamento de projeções para os próximos meses, a CONDEPE/FIDEM acredita que pode haver um aumento na participação de alguns produtos para compor o índice econômico do setor. Daniel Oliveira destaca a cana-de-açúcar como um potencial para representar esse protagonismo.
“Essa atividade é muito importante, praticamente uma locomotiva da agricultura do Estado”, enfatizou, acrescentando a fruticultura irrigada como outra vertente importante do setor agrícola.
Desafios
A produção agropecuária de Pernambuco pode enfrentar desafios ao longo do próximo ano, segundo Geraldo Eugênio, professor de engenharia agrônoma da UFRPE-UAS. De acordo com o especialista, o clima é uma das preocupações, já que a região teve uma sequência de anos, entre 2019 e 2024, com chuvas acima da média. Logo, há uma clara chance de os produtores enfrentarem um período de seca no futuro.
Além disso, o docente também destaca a importância de um olhar atento para o pequeno e médio produtor, afirmando que as instituições governamentais precisam investir no fomento e pesquisa direcionadas a esses grupos.
“Há um potencial latente de crescimento no segmento da agricultura familiar, desde que todos se convençam de que existem tecnologias disponíveis, de que há mercado e que a propriedade rural, por menor que seja, deve ser considerada uma unidade de negócio”, pontuou.
Crédito
Entre os desafios econômicos que podem impactar na colaboração do agronegócio para o PIB, o economista Werson Kaval destaca o aumento da taxa Selic, taxa referencial de juros no Brasil que teve um aumento de um ponto percentual, passando de 11,25 para 12,25.
“Uma taxa de juros mais alta encarece o crédito, dificultando o investimento em tecnologia e expansão, que se faz muito necessário no setor da agricultura. É claro, além de aumentar os custos financeiros para os produtores, ou seja, toda vez que temos uma elevação dos juros no País, todo tipo de crédito fica mais caro”.