EUA

Trump promete "deter a loucura transgênero" em seu primeiro dia de governo

Uma "nova era" se aproxima com sua volta à Casa Branca, assegurou Trump, em meio às promessas que antecipou para seu segundo mandato

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump - Allison Robbert/POOL/AFP

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu, neste domingo (22), "deter a loucura transgênero" no primeiro dia de seu segundo mandato, ao mesmo tempo em que renovou as ameaças contra os cartéis mexicanos e de retomar o controle do Canal do Panamá.

"Assinarei ordens executivas para acabar com a mutilação sexual infantil, tirar os transgêneros do exército e das nossas escolas dos ensinos fundamental e médio", disse o presidente eleito em um ato para jovens conservadores em Phoenix, Arizona.

Ele também prometeu "manter os homens fora dos esportes femininos". "Será política oficial do governo dos Estados Unidos que haja apenas dois gêneros, masculino e feminino", acrescentou.

Trump jogou, assim, lenha na fogueira de um debate que tem chacoalhado a política americana nos últimos anos.

Os estados controlados por democratas e republicanos se movem em direções opostas sobre as políticas voltadas aos transgêneros, como tratamentos médicos e quais livros sobre o tema são permitidos nas bibliotecas públicas ou escolares.

Uma "nova era" se aproxima com sua volta à Casa Branca, assegurou Trump, em meio às promessas que antecipou para seu segundo mandato.

"Em 20 de janeiro, os Estados Unidos virarão para sempre a página de quatro longos e horríveis anos de fracasso, incompetência e decadência nacional, e inauguraremos uma nova era de paz, prosperidade e grandeza nacional", disse Trump, em alusão à sua posse.

Cartéis mexicanos, "terroristas"
Em seu discurso na conferência AmericaFest, em um dos estados mais disputados onde venceu as eleições de novembro, o republicano anunciou que vai designar "os cartéis (mexicanos) como organizações terroristas estrangeiras". "Vamos fazê-lo imediatamente", afirmou durante o comício.

Trump retomou uma iniciativa que já tinha mencionado em seu mandato anterior (2017-2021), mas arquivou a pedido do então presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, que aceitou cooperar no tema da segurança.

A atual presidente e primeira mulher chefe de Estado do México, Claudia Sheinbaum, rejeita a possibilidade de que as máfias mexicanas sejam designadas como terroristas sob o argumento de evitar uma incursão estrangeira que atente contra a soberania do país.

"Nós colaboramos, coordenamos, trabalhamos juntos, mas nunca seremos subordinados. O México é um país livre, soberano, independente e não aceitamos intervencionismos no nosso país", disse Sheinbaum neste domingo, durante uma visita ao estado de Sinaloa, que sofre com uma escalada de violência do crime desde setembro.

Trump reforçou que assim que assumir o poder, lançará "a maior operação de deportação (de migrantes) da história dos Estados Unidos".

Pouco depois, Trump anunciou a nomeação de Mauricio Claver-Carone, ex-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), como enviado especial do Departamento de Estado para a América Latina, com o objetivo de "colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar" no momento de "restabelecer a ordem" nas fronteiras.

Claver-Carone "conhece as graves ameaças que enfrentamos devido à imigração ilegal em massa e ao fentanil", afirmou o presidente eleito.

"Idade de ouro" dos EUA
O republicano redobrou, ainda, a promessa de retomar o controle americano do Canal do Panamá.

Os panamenhos "não têm nos tratado com justiça" na operação do Canal do Panamá, disse neste domingo, em um tom combativo, que no passado usou inclusive com aliados.

Anteriormente, ele comentou que as tarifas para o uso do canal, cuja construção foi iniciada pela França e concluída pelos Estados Unidos, são "ridículas".

Se o Panamá não pode garantir uma "operação segura, eficiente e confiável" do canal, disse Trump no sábado, "então exigiremos que nos devolvam o canal do Panamá em sua totalidade".

O presidente panamenho, José Raúl Mulino, pediu "respeito" neste domingo. "Cada metro quadrado do canal do Panamá e suas zonas adjacentes são do Panamá e continuarão sendo", reagiu.

O Canal de Panamá, que foi concluído pelos Estados Unidos em 1914, foi devolvido ao país centro-americano sob o acordo de 1977, assinado pelo presidente democrata Jimmy Carter.

O Panamá retomou o controle completo da passagem comercial em 1999.

Apesar de seu tom belicoso, não está totalmente claro se Trump pretende exercer algo além de pressão retórica sobre o governo do Panamá.

Entre a sequência de promessas que Trump antecipou neste domingo para seu segundo mandato, o presidente eleito se comprometeu a "pôr fim" aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

"Porei fim à guerra na Ucrânia. Vou parar o caos no Oriente Médio e evitarei, prometo, a Terceira Guerra Mundial", afirmou.

"Posso proclamar com orgulho", prosseguiu, "que a idade de ouro dos  Estados Unidos chegou".

No entanto, o presidente eleito ainda não explicou publicamente como pensa levar a paz para a Ucrânia, quase três anos depois de a Rússia invadir o país vizinho, nem ao Oriente Médio.