Presidente francês anuncia o quarto governo do ano
Bayrou, de 73 anos, esperava incorporar nomes da esquerda, direita e centro
O presidente francês, Emmanuel Macron, nomeou, nesta segunda-feira (23), seu quarto governo do ano, liderado pelo centrista François Bayrou, que espera desbloquear a crise política em um país onde as oposições de esquerda e extrema direita derrubaram seu antecessor.
No gabinete de Bayrou, os ex-primeiros-ministros Élisabeth Borne e o franco-espanhol Manuel Valls vão comandar, respectivamente, os ministérios da Educação e da França Ultramarina.
O ex-ministro do Interior Gérald Darmanin ocupará a pasta da Justiça, enquanto os ministros da Defesa, Sebastien Lecornu; das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot; e da Cultura, Rachida Dati, manterão os cargos.
Outro nome que permanecerá no cargo é o ministro do Interior, o conservador Bruno Retailleau, que prometeu travar uma luta ferrenha contra a imigração ilegal.
A França está mergulhada há meses em um bloqueio político, após as eleições antecipadas de julho, que dividiram a Câmara baixa do Parlamento em três grandes blocos.
Nas últimas semanas, a crise se centrou nas desavenças entre o Executivo e a oposição sobre os orçamentos da segunda economia da União Europeia para 2025, que ainda não puderam ser votados.
A tarefa difícil de elaborá-los, sob a pressão de importantes déficits fiscais, recairá sobre o banqueiro Éric Lombard, nomeado ministro da Economia.
"Estou muito orgulhoso da equipe que apresentamos esta noite", escreveu Bayrou no X, acrescentando que seu gabinete "experiente" teria como objetivo "reconstruir a confiança".
Macron reunirá a equipe de Bayrou em 3 de janeiro para um primeiro Conselho de Ministros, informou a Presidência.
"Apoio" da extrema direita
A inclusão de dois ex-primeiros-ministros indica o desejo de Macron de ter um governo de peso, com uma estabilidade que lhe permita evitar o destino do anterior, liderado por Michel Barnier e alvo de uma moção de censura no começo de dezembro por uma inédita confluência das bancadas da esquerda e da extrema direita, críticas de seus projetos de orçamento austeros.
Bayrou, de 73 anos, esperava incorporar nomes da esquerda, direita e centro para evitar ter a mesma sorte de Barnier, mas sua equipe de 35 membros não inclui nenhum membro da coalizão de esquerda Nova Frente Popular.
Em declarações à emissora BFMTV após a apresentação de seu governo, Bayrou disse estar "convencido de que a ação que defini perante vocês e a equipe governamental farão com que não sejamos censurados".
Pouco antes do anúncio oficial do novo governo, o político de direita Xavier Bertrand, que se perfilava para chefiar o Ministério da Justiça, anunciou que não assumiria o cargo "devido à oposição" do partido da extrema direita Reagrupamento Nacional (RN).
"Apesar das novas propostas [de Bayrou], me nego a participar de um governo da França formado com o apoio de Marine Le Pen", líder do RN, declarou Bertrand em um comunicado.
O primeiro-ministro, líder do grupo centrista MoDem - aliado do partido de Macron -, foi nomeado em 13 de dezembro. Muitos já preveem que seu governo terá dificuldades para sobreviver.
O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, considerou no X que o novo Executivo é "uma provocação" e um governo de "extrema direita".
O porta-voz do RN, Jordan Bardella, considerou, por sua vez, que Bayrou tinha conseguido formar uma "coalizão do fracasso".