SAÚDE

Enxaqueca: novo medicamento para condição tem efeito imediato, mostra estudo

O trabalhou analisou dados de três experimentos diferentes envolvendo o fármaco

Dor de cabeça - Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

O medicamento atogepant, que previne e alivia as dores da enxaqueca, mostrou efeito imediato após ser tomado, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Neurology. Atualmente, os remédios utilizados para tratamento da condição demoram a surtir efeito.

"Algumas pessoas desistem e param de tomar os medicamentos antes de chegarem a esse ponto. Além disso, muitas pessoas apresentam efeitos colaterais com os tratamentos atuais. Desenvolver um medicamento que funcione de forma eficaz e rápida é essencial", aponta o autor do estudo, Richard Lipton, do Albert Einstein College of Medicine no Bronx, em Nova York, e membro da Academia Americana de Neurologia.

 

O atogepant atua bloqueando o receptor CGRP (CGRP) por meio de uma dose única diária via oral. Segundo o estudo, aqueles medicados com o fármaco tiveram menos probabilidade de ter enxaqueca no primeiro dia de uso do medicamento em comparação com aquelas que tomaram um placebo.

Além disso, o grupo que recebeu o medicamento tiveram menos enxaquecas por semana durante cada uma das quatro primeiras semanas do estudo e menos enxaquecas durante o estudo em geral do que aquelas que tomaram um placebo.

A equipe de pesquisadores analisou os dados de três ensaios sobre a segurança e eficácia do atogepant, levando em consideração dois tipos de enxaqueca, ao longo de 12 semanas. Pessoas com enxaqueca episódica vivenciam até 14 dias de enxaqueca por mês com dores. Pessoas com enxaqueca crônica vivenciam pelo menos 15 dias com dor de cabeça por mês, com pelo menos oito dias tendo sintomas característicos do problema.

O estudo ADVANCE, que inscreveu pessoas com enxaqueca episódica, teve 222 pessoas tomando o medicamento e 214 tomando placebo. O estudo ELEVATE, que inscreveu pessoas com enxaqueca episódica que não tinham respondido bem a outros tratamentos preventivos orais, teve 151 no medicamento e 154 no placebo. O estudo PROGRESS, que inscreveu pessoas com enxaqueca crônica, teve 256 no medicamento e 246 no placebo.

No primeiro dia do estudo, 12% dos que tomaram o medicamento no primeiro teste, o teste ADVANCE, tiveram enxaqueca, em comparação com 25% dos que tomaram placebo. No segundo teste, o teste ELEVATE, os números foram 15% e 26%. Para o terceiro teste, o teste PROGRESS, os números foram 51% e 61%.

Nesse sentido, ao ajustarem outros fatores que poderiam afetar a taxa de enxaqueca, eles descobriram que as pessoas que tomavam o medicamento tinham 61% menos probabilidade de ter enxaqueca no primeiro teste, 47% menos probabilidade no segundo teste e 37% menos probabilidade no terceiro teste.

"A enxaqueca é a segunda principal causa de incapacidade na população em geral e a principal causa de incapacidade em mulheres jovens , com pessoas relatando efeitos negativos em seus relacionamentos, criação de filhos, carreira e finanças. Ter um tratamento que pode agir de forma rápida e eficaz aborda uma necessidade fundamental", explica Lipton.

Nos Estados Unidos, o atogepant foi aprovado pela Food and Drug Administration (FDA), equivalente à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no ano passado.