Jovem baleada pela PRF na véspera de Natal: agentes são afastados e armas apreendidas
Juliana Leite, de 26 anos, levou um tiro na cabeça e tem quadro de saúde gravíssimo
A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar o que aconteceu na abordagem da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que terminou com uma jovem de 26 anos baleada na cabeça. Juliana Leite Rangel estava indo com a família, de cinco pessoas, passar o Natal na casa de parentes em Itaipu, em Niterói, quando o veículo foi alvo de disparos em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A PF ouviu os agentes envolvidos e apreendeu as armas usadas. Em nota, a PRF informou que os agentes foram afastados.
Na manhã desta quarta-feira, os policiais rodoviários envolvidos na abordagem prestaram depoimento para esclarecer o que aconteceu na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu.
Em nota, a PRF informou que a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília, determinou a abertura de um procedimento interno para apurar os fatos relacionados à ocorrência. Segundo a corporação, os agentes envolvidos foram afastados "preventivamente de todas as atividades operacionais".
"A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso", diz a nota.
A Polícia Federal informou que esteve no local para realizar "as medidas iniciais, que incluíram a perícia do local, a coleta de depoimentos dos policiais rodoviários federais e das vítimas, além da apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal."
Em entrevista à CBN, Alexandre Rangel afirmou que os agentes da PRF atiraram contra o carro enquanto ele tentava encostar. Segundo ele, os policiais ainda o acusaram de ter efetuado disparos.
"Eu estava vindo na Washington Luiz, ligaram a sirene e eu liguei a seta para encostar e já foram 'metendo'' bala no meu carro. Acertou um tiro de fuzil na cabeça da minha filha. A bala que acertou ela pegou no meu dedo. Meu carro todo cheio de bala, sem eu fazer nada. Ainda falaram que fui eu que atirei", contou Alexandre.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o desespero da família após a jovem ser atingida na cabeça. "Meu Deus do céu, não acredito! A minha filha!", grita Alexandre em uma das gravações.
O caso aconteceu por volta das 21h. A jovem levou um tiro na cabeça e foi levada para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Ela precisou ser entubada, passou por cirurgia e tem quadro de saúde gravíssimo. Ela está internada no centro de Terapia Intensiva (CTI).
Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN) informou que "a paciente, que foi atingida por arma de fogo (PAF) em crânio, foi entubada e encaminhada diretamente para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento, sem intercorrências. No momento, seu quadro de saúde é gravíssimo".
Abordagem com vítimas
No fim do ano passado, três policiais rodoviários se tornaram réus após a morte de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos.
Heloísa faleceu em 16 de setembro, após nove dias internada no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias. A causa da morte foi uma lesão transfixante do encéfalo por projétil de arma de fogo, segundo o laudo entregue pela unidade de saúde à família.
A menina foi atingida na cabeça enquanto o carro da família passava pelo Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, durante a volta para casa, após um dia com parentes na cidade de Itaguaí.
Os agentes Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viégas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, agora réus, são acusados de homicídio consumado, quatro tentativas de homicídio e fraude processual.
Também no ano passado, Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, foi morta durante uma abordagem da PRF na Rodovia Washington Luiz.
Na época, o agente Thiago da Silva Sá disse ter feito oito disparos em direção aos pneus do veículo após ter ouvido “tiros” durante uma perseguição. Já o marido da jovem relatou que os policiais ordenaram a parada de seu carro e atiraram antes que pudesse ele estacionar. O caso aconteceu em junho de 2023.