Inglês corporativo é sobre storytelling, não gramática
A primeira coisa que vem à mente quando falamos sobre inglês corporativo é, sem dúvida, a preocupação com a gramática. Quantas vezes não nos pegamos corrigindo o tempo verbal ou nos perguntando se estamos usando a preposição certa? Essa obsessão pela perfeição gramatical tem dominado as conversas sobre o uso do inglês no ambiente de trabalho, mas a verdade é que o foco deveria ser outro: o storytelling.
Estamos vivendo uma era em que a comunicação é a chave para o sucesso nos negócios. No mundo corporativo, não é mais suficiente apenas ser fluente em inglês, é preciso saber contar histórias. E aqui está o segredo: o inglês corporativo, aquele que realmente impacta e conecta, não se resume a regras rígidas de gramática. A verdadeira habilidade está em como você transmite sua mensagem.
Parece simples, certo? No entanto, muitos profissionais ainda caem na armadilha da gramática. A expectativa de falar o "inglês perfeito" limita a capacidade de se expressar de forma autêntica e envolvente. O que importa realmente no contexto corporativo é a clareza da ideia, a forma como ela se conecta com a audiência, e a maneira como você consegue engajar e influenciar pessoas. A gramática, claro, não deve ser ignorada, mas ela não é o centro da questão.
Um ponto ainda mais relevante a ser considerado são as soft skills, ou habilidades socioemocionais. Segundo um estudo realizado pela Michael Page, nove em cada dez profissionais são contratados por suas habilidades técnicas, mas demitidos por problemas de comportamento. Isso inclui dificuldades na gestão de tempo, falta de autocontrole e resistência a mudanças. Esses números alertam para a necessidade de equilíbrio entre habilidades técnicas e socioemocionais. Mesmo profissionais que dominam o inglês técnico ou gramatical acabam ficando para trás se não souberem contar uma boa história ou se conectar com as pessoas.
O storytelling, ou a arte de contar histórias, é fundamental quando se trata de inglês corporativo. A história que você conta sobre seu produto, serviço ou proposta é o que vai conectar você aos outros. Quando se concentra na mensagem e no impacto que ela terá, o uso de vocabulário simples e a construção de frases objetivas se tornam muito mais eficazes. Não se trata de ser gramaticalmente perfeito, mas de ser capaz de cativar e persuadir. A comunicação precisa ser estratégica, criar valor e gerar resultados.
Esse cenário se torna ainda mais urgente quando olhamos para o futuro. Estima-se que até 2030, dois terços dos empregos no Brasil vão exigir fortemente soft skills, e o Fórum Econômico Mundial (FEM) aponta que oito das dez habilidades mais importantes para 2025 serão socioemocionais. A comunicação eficaz, clara e conectada está no centro dessas habilidades. Isso significa que dominar o storytelling em inglês é não apenas um diferencial, mas uma necessidade para quem quer se destacar no mercado.
Por isso, não é raro ver candidatos que dominam as regras gramaticais do inglês, mas falham em transmitir uma ideia clara ou se conectar com a audiência durante uma entrevista. Eles podem falar de maneira impecável, mas seu discurso é mecânico, sem emoção, sem a capacidade de engajar. O storytelling é justamente o que falta aqui. Sem ele, mesmo o inglês perfeito pode ser um obstáculo. E isso pode ser decisivo para conquistar ou perder uma oportunidade de emprego.
Mas como podemos melhorar nossa comunicação em inglês no ambiente corporativo? A resposta é simples: comece a contar histórias. Traga suas experiências, use metáforas, compartilhe ideias de forma envolvente e direta. Não deixe que a gramática te limite. Em vez de focar nos detalhes gramaticais, concentre-se em transmitir a mensagem de forma clara, empática e impactante.
O inglês corporativo é uma ferramenta poderosa, e quando o utilizamos como meio de conectar pessoas e ideias, ele ganha um novo significado. Não é sobre ser perfeito, é sobre ser autêntico. O storytelling, portanto, deve ser a base de sua comunicação, pois é assim que você vai se destacar, engajar e, no final das contas, alcançar seus objetivos.
*Especialista em ensino de Business English e fundadora da Save Me Teacher
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