Dezenas de soldados ucranianos desertaram durante treinamento na França
Exército francês treinou em seu território 2.300 soldados de uma brigada chamada "Ana de Kiev", dos quais cerca de 50 teriam fugido
Dezenas de soldados ucranianos desertaram enquanto estavam sendo treinados na França, informou, nesta segunda-feira, um alto oficial do Exército francês à AFP. Um comandante ucraniano admitiu a existência de "problemas", mas não citou números.
— Houve um certo número de deserções, mas ainda é algo muito marginal, considerando a quantidade de pessoas que foram treinadas — indicou um dos responsáveis do Estado-Maior francês. — Estavam em quartéis franceses, tinham o direito de sair.
O militar, que falou sob condição de anonimato, explicou que os soldados em treinamento estavam sob "um regime [...] imposto pelo comando ucraniano", e que na França a deserção não é criminalizada:
— Se alguém deserta, um promotor francês não tem autoridade para prender essa pessoa. E o direito concedido às autoridades ucranianas em território francês é exclusivamente um direito disciplinar.
O comando militar indicou que não tem números consolidados, mas estimou que ocorreram "dezenas" de deserções em território francês.
O Exército francês treinou em seu território 2.300 soldados ucranianos de uma brigada chamada "Ana de Kiev", em homenagem à princesa que nasceu na capital ucraniana e se casou com o rei francês do século XI, Henrique I.
A maioria dos soldados era formada por recrutas sem experiência de combate. Eles estavam acompanhados por 300 supervisores ucranianos. Outros 2.200 soldados da brigada foram treinados na Ucrânia.
O comandante das forças terrestres da Ucrânia admitiu nesta segunda-feira a existência de "problemas" com esta unidade do Exército, após relatos de que muitos de seus soldados haviam desertado. A 155ª Brigada Mecanizada foi uma das várias unidades militares formadas no ano passado diante de possíveis novas ofensivas russas.
— Sim, há problemas, estamos cientes disso — indicou nesta segunda-feira Mykhailo Drapaty após reportagens da imprensa sobre casos de abuso de poder e deserções.
O presidente francês, Emmanuel Macron, se reuniu em outubro com parte da brigada em um campo militar no leste da França.
De acordo com o jornalista ucraniano Yuriy Butusov, cerca de 1.700 soldados da brigada desertaram, a maioria antes mesmo de sua unidade ser enviada para a linha de frente, e 50 durante o treinamento na França.
— Eu realmente não vejo o que poderia ser qualificado como abuso de poder — declarou o alto oficial militar francês. — De qualquer forma, não foi revelado nada sobre os ucranianos destacados na França ou sobre o que pode ter ocorrido durante esses treinamentos.
Ainda segundo ele, o treinamento ocorreu "conforme" os desejos dos ucranianos em termos de "equipamento, tempo de formação e nível".