Rio de Janeiro

Polícia realiza operação contra roubo de cargas em Manguinhos; projétil atinge janela da Fiocruz

Fundação afirmou, por meio de nota, que os agentes entraram "descaracterizados e sem autorização no campus Manguinhos-Maré" e colocaram trabalhadores em risco

Agentes entraram na Fiocruz durante a operação - Reprodução / Redes sociais

A Polícia Civil do Rio realiza uma operação no Complexo de Manguinhos, Zona Norte do Rio, nesta quarta-feira. A ação tem como objetivo combater o roubo e a receptação de cargas praticados pela facção criminosa que domina as comunidades da região. Segundo a polícia, os agentes foram recebidos a tiros, e houve confronto. Durante a operação, agentes entraram na Fiocruz, e um projétil atingiu a janela da unidade. Um funcionário foi preso por suspeita de auxiliar na fuga de traficantes da comunidade, segundo a polícia. Quatro suspeitos foram mortos.

Segundo a fundação, o homem é supervisor da empresa que presta serviços para a Gestão de Vigilância e Segurança Patrimonial da Fiocruz e "realizava o trabalho de desocupação e interdição da área como medida de segurança para os trabalhadores, alunos e demais frequentadores do campus, no momento da incursão policial".

Ele foi levado pelos policiais sob a acusação de "dar cobertura a supostos criminosos que estariam em fuga".

Em nota, a Fiocruz afirmou que os policiais entraram "descaracterizados e sem autorização no campus Manguinhos-Maré". Um projétil atingiu o vidro da sala de Automação, de Bio-Manguinhos, fábrica de vacinas da instituição, e uma trabalhadora precisou de atendimento médico devido aos estilhaços.

"Toda a ação da Polícia Civil ocorre de forma arbitrária, sem autorização ou comunicação com a instituição, colocando trabalhadores e alunos da Fiocruz em risco. A Polícia permanece, até o momento desta publicação, no campus da Fiocruz", informou a nota emitida no fim desta manhã.

Em entrevista ao RJTV, da Tv Globo, o delegado André Neves afirmou que tem imagens mostrando a presença de traficantes no polo da Fiocruz.

"Quem colocou a população em risco foram os criminosos. Temos imagens de inteligência que comprovam a presença de diversos traficantes de drogas dentro da Fiocruz. Por isso, a Polícia Civil teve que realizar uma incursão no local para evitar que um dano maior ocorresse lá dentro. Trata-se de uma ação para combater o roubo de cargas e carros. Quatro criminosos foram neutralizados, e armas foram apreendidas", afirmou Neves.

Sobre a prisão do funcionário da fundação, o delegado disse haver indícios que mostram que o homem ajudava criminosos dando até "guarita" para os suspeitos.

"Há fortes indícios da participação desse funcionário com os criminosos, dando guarita a membros dessa organização que tanto prejudica a população. Há uma investigação em curso demonstrando a participação de alguns agentes. Vamos aguardar a coleta de todos os depoimentos para termos uma definição jurídica precisa. O funcionário poderá responder por associação ao tráfico de drogas e organização criminosa", explicou ele.

CapturarJanela atingida com um tiro na Fiocruz. | Foto: Reprodução

Fundação recebe 200 crianças por dia
Também em entrevista ao RJTV, a chefe de gabinete da Fiocruz, Zélia Maria Profeta da Luz, falou com preocupação sobre a segurança da unidade. Segundo ela, a fundação recebe cerca de 200 crianças por dia.

"É muito impressionante acontecer uma coisa dessas em uma instituição como a nossa, que recebe, em média, 200 crianças por dia, além do número enorme de trabalhadores. Decidimos encerrar o expediente e avaliar se amanhã conseguiremos retornar normalmente", contou ela no início da tarde.

Uma funcionária da fundação afirmou que o funcionário preso estava ajudando a evacuar uma área de risco na unidade.

"O protocolo de operação da Fundação Oswaldo Cruz, considerando o nosso entorno, estabelece que, em momentos de operações policiais nas comunidades, fechamos a orla. É uma área muito vulnerável, que pode ser imediatamente atingida por um projétil. A pessoa que foi algemada e retirada da fundação trabalha na nossa equipe de segurança, é um supervisor. Ele estava na Beira Rio interditando a orla para que pudéssemos nos afastar do problema. A instituição funciona, neste período de férias, com muitas crianças, então adotamos medidas de segurança. Ainda não entendemos o motivo de ele ter sido levado algemado. Não identificamos a razão disso ter acontecido", afirmou.

Segundo a Fiocruz, o expediente no campus será encerrado mais cedo nesta quarta-feira, às 13h30. Apenas serviços essenciais, como o hospital, continuarão funcionando normalmente. Os ônibus que levam os funcionários para casa, também ficarão de prontidão mais cedo, a partir das 15h. A operação, ainda em andamento, é conduzida por policiais civis da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), da 21ª DP (Bonsucesso) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

De acordo com a polícia, as equipes já realizaram apreensões de armas e drogas. O balanço ainda não foi divulgado.