Tecnologia

Busca por "excluir" Facebook ou Instagram dispara no Google após Meta afrouxar moderação de conteúdo

Segundo o Google Trends, pesquisas aumentaram repentinamente mais de 5.000% em relação a períodos anteriores

O interesse em buscas relacionadas a sair das plataformas da Meta disparou esta semana - Pixabay

As buscas no Google sobre como cancelar e excluir contas do Facebook, Instagram e Threads aumentaram de forma explosiva nos Estados Unidos desde que o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, anunciou que a empresa encerrará seu sistema de verificação de fatos por terceiros, afrouxará as políticas de moderação de conteúdo e revogará limites anteriores sobre a quantidade de conteúdo político nos feeds dos usuários. As informações foram divulgadas pelo site de tecnologia Tech Crunch.

Segundo o site, especialistas veem essa mudança como uma tentativa de agradar o governo Trump, que está por vir, e evitar represálias políticas. E ressaltou que as consequências das novas políticas da Meta podem ter sérias implicações para os tipos de publicações, discursos de ódio e violência, além da desinformação, que podem se espalhar ainda mais rapidamente nas plataformas da empresa.

A reação foi imediata. O interesse em buscas relacionadas a sair das plataformas da Meta disparou esta semana, especialmente nos últimos dois dias. As buscas no Google por termos como “como excluir permanentemente o Facebook” atingiram a pontuação máxima de 100 — o nível mais alto de interesse possível no Google Trends.

De acordo com o Google Trends, buscas relacionadas como “como excluir todas as fotos do Facebook”, “alternativa ao Facebook”, “como sair do Facebook”, “como excluir conta do Threads” e “como excluir conta do Instagram sem fazer login” se tornaram pesquisas em destaque, com um aumento repentino de mais de 5.000% em relação a períodos anteriores.

Esse crescimento explosivo destaca a reação contra a decisão da Meta de revogar proteções contra discursos de ódio e conteúdo político inflamado.

A Meta havia implementado políticas de verificação de fatos e moderação de conteúdo após anos de proliferação de desinformação e discursos de violência em suas plataformas, que causaram danos no mundo real.

Um exemplo foi a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, alimentada por apelos coordenados à violência no Facebook e Instagram. Documentos internos revelaram que o Facebook não agiu de forma contundente contra o movimento Stop the Steal promovido pelos aliados de Trump, apesar de a empresa ter identificado formas de reduzir a disseminação da polarização política, teorias da conspiração e incitações à violência.

A Meta também admitiu que suas plataformas foram usadas para incitar a violência em Mianmar, onde membros do exército birmanês cometeram genocídio contra o povo Rohingya.

Em 2021, Zuckerberg afirmou que a comunidade Meta não quer que “a política e os conflitos dominem sua experiência em nossos serviços”, o que levou a empresa a reduzir a presença de discursos políticos.

No ano passado, a empresa também parou de recomendar proativamente conteúdos políticos aos usuários no Instagram e Threads, decisão controversa entre criadores e usuários. Agora, a Meta irá reinserir conteúdo político nos feeds.

Zuckerberg disse que as novas políticas são uma tentativa de restaurar a liberdade de expressão na plataforma da Meta, ecoando comentários feitos por Elon Musk em sua plataforma X. O CEO da Meta observou que suas plataformas substituirão os verificadores de fatos de terceiros por um sistema de notas da comunidade semelhante ao do X, no qual os usuários podem sinalizar publicações que acharem que precisam de mais contexto.

Buscas por alternativas à Meta também aumentam

Segundo o site, no mesmo período, as buscas no Google por “alternativas ao Facebook” também dispararam, assim como as buscas por Bluesky e Mastodon, duas plataformas de mídia social descentralizadas que vêm ganhando popularidade desde que Elon Musk assumiu o Twitter e o renomeou para X.

O CEO do Mastodon, Eugen Rochko, comentou esta semana sobre as mudanças na moderação de conteúdo da Meta, classificando-as como “uma preocupação para qualquer pessoa com consciência”.

Ele também destacou que os usuários que fazem postagens cruzadas do Threads para o Mastodon por meio do recurso de compartilhamento no fediverse do Threads serão monitorados no Mastodon em relação a discursos de ódio e violações das políticas da plataforma.