"Apocalíptico": começam a surgir cenários de horror deixados pelos incêndios na costa de Los Angeles
Autoridades ainda classificam os incêndios na região como fora de controle
Voando rumo ao Sul de Los Angeles, Califórnia, através dos céus ainda cobertos de fumaça, pela famosa Costa de Malibu, já é possível avistar um rastro de mansões incendiadas, transformadas pelo fogo em verdadeiras ruínas à beira-mar.
Os incêndios, que foram descritos pelo governo dos EUA como "os mais devastadores" da história da Califórnia e já deixaram cinco mortos, continuam fora de controle, segundo autoridades locais.
No luxuoso bairro de Pacific Palisades, ponto de partida das chamas devastadoras de Los Angeles, as estruturas queimadas transformam-se em uma fileira interminável de residências completamente consumidas pelo fogo.
Graças às imagens aéreas, a magnitude da devastação causada pelo incêndio em Palisades torna-se evidente: ruas inteiras em ruínas e os restos do que antes eram propriedades fabulosas agora reduzidas a cinzas e memórias.
O acesso a essa área altamente devastada permanece fechado ao público e até mesmo aos moradores, evacuados desde que as chamas começaram, na terça-feira, dia 7.
O maior entre os múltiplos incêndios que queimam simultaneamente ao redor de Los Angeles nesta semana destruiu mais de 7.700 hectares de Pacific Palisades e Malibu.
De acordo com uma estimativa preliminar, "há milhares" de estruturas destruídas, afirmou a chefe dos bombeiros, Kristin Crowley, em uma coletiva de imprensa na quinta-feira.
Há pelo menos dois relatos de restos humanos encontrados nesse incêndio, embora as autoridades ainda não tenham confirmado números de mortos.
- É seguro dizer que o incêndio de Palisades é um dos desastres naturais mais destrutivos da história de Los Angeles - considerou Crowley. Uma visão facilmente perceptível para os repórteres da AFP a bordo de um helicóptero na quinta-feira.
Em alguns desses cobiçados espaços à beira-mar em Malibu, adorados por celebridades, as estruturas esqueléticas dos edifícios evidenciavam a escala da tragédia.
Outras mansões multimilionárias foram reduzidas a cinzas, ao ponto de terem sido arrastadas para o oceano Pacífico pela força do incêndio em Palisades.
Lá, acima de Malibu, uma fina linha de luxuosas propriedades à beira-mar contrasta com os restos do que antes era Pacific Palisades, um próspero platô, agora deserto.
Nem toda a colina foi carbonizada, algumas casas ainda sobreviveram intactas, e algumas ruas foram poupadas pelas chamas.
Mas, no extremo sul de Palisades, as laterais de estradas que até terça-feira eram ladeadas por impressionantes residências agora parecem cemitérios improvisados. Onde, fila após fila, existiam lares, tudo o que resta são algumas chaminés, palmeiras carbonizadas e brasas.
'Morte e destruição'
Kalen Astoor, moradora de Altadena de 36 anos, estava com dificuldades para entender os danos causados ao bairro de sua mãe de 76 anos. Embora sua casa ainda estivesse de pé, Astoor ainda estava em choque com a cena devastadora deixada pelo incêndio. - É uma visão de morte e destruição - disse a mulher à AFP.
Cerca de 180 mil pessoas na área ainda estão afetadas pelas ordens de evacuação, e as condições climáticas de seca extrema e ventos continuam "críticas", embora menos severas, insistem meteorologistas e autoridades locais.
Em uma coletiva de imprensa realizada na quinta-feira, o procurador do distrito de Los Angeles, Nathan Hochman, descreveu o passeio por Pacific Palisades até os restos da casa de sua irmã como "apocalíptico".
- Desde os anos 1990, quando Los Angeles enfrentou incêndios, enchentes, terremotos e tumultos, não vi um desastre semelhante em nossa cidade - disse ele.
- É uma loucura - concordou Albert Azouz, um piloto de helicóptero que sobrevoa esses céus há quase uma década, observando a destruição de cima, na quinta-feira. - Todas essas casas, desaparecidas - lamentou.
Combate ao fogo dos céus
Nos céus de Los Angeles, aviões-tanque e helicópteros, recortados pelo sol da Califórnia, serpenteiam entre gigantescas colunas de fogo, despejando produtos químicos retardantes de chamas e água sobre os incêndios violentos.
Olhando em quase todas as direções de um helicóptero sobrevoando a cidade, uma equipe da AFP viu meia dúzia de incêndios e erupções de fumaça saindo da paisagem montanhosa como vulcões recém-ativos preenchendo o horizonte.
Aeronaves, incluindo o Boeing Chinook de 11.350 litros, voaram para o combate de lugares tão distantes quanto o Canadá.
Incapazes de voar durante as primeiras horas dos incêndios florestais de Los Angeles na terça-feira devido a fortes rajadas de vento de até 160 km/h, essas aeronaves se tornaram ferramentas indispensáveis na batalha para conter os incêndios e reduzir ainda mais a devastação.
Helicópteros fizeram centenas de lançamentos na quinta-feira, quando as condições permitiram.
Aqueles equipados para operar à noite continuaram a voar pela região cheia de fumaça, trabalhando freneticamente para conter as chamas, antes que rajadas mais fortes fossem previstas para varrer a bacia de Los Angeles novamente durante a noite.