SAÚDE

Feira de tecnologia apresenta dispositivos que podem medir glicose, arritmia e pressão arterial

Com fones de ouvido conectados e tecnologia baseada em ondas, empresa diz ser capaz de analisar atividade cardíaca, até o estado e a função das válvulas coronárias

Homem mostra tira dilatadora nasal magnética durante evento sobre novidades tecnológicas para a saúde em Las Vegas - Patrick T. Fallon/AFP

Dispositivos modernos e inteligentes não se contentam mais apenas em contar passos ou batimentos cardíacos, mas agora oferecem a possibilidade de medir os níveis de glicose, a pressão arterial ou a oxigenação do sangue, embora a questão da confiabilidade desses dados ainda seja objeto de debate.

Quase dez anos após o lançamento do famoso Apple Watch, diversas empresas estimam que o mercado global de "rastreadores", relógios, pulseiras e outros tipos de pingentes e anéis de conexão movimenta cerca de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 362 bilhões), mas deve ultrapassar os 100 bilhões (cerca de R$ 606 bilhões) até o final da década.

"Antes dos chamados relógios conectados, ninguém pensaria em monitorar sua frequência cardíaca. Hoje, todos entendem sua importância", diz Anna Barnacka, CEO da MindMics, uma start-up na CES, a feira global de tecnologia e consumo na cidade americana de Las Vegas inaugurada nesta terça-feira.

Mas o setor pretende ir muito além. Com seus fones de ouvido conectados e tecnologia baseada em ondas, a MindMics afirma ser capaz de analisar a atividade cardíaca como um todo, até o estado e a função das válvulas coronárias.

 

"Você pode examinar seu coração com a precisão de um equipamento médico", diz Barnacka.

Ele explica que, durante os testes clínicos, os fones de ouvido foram capazes de "capturar o sopro associado a uma válvula com defeito" em um paciente que sofria de estenose aórtica, ou estreitamento de uma válvula. Atualmente, o diagnóstico médico de uma estenose requer vários exames, incluindo a inserção de uma sonda em uma artéria.

Patch conectado
Enquanto isso, a DexCom, sediada na Califórnia, lançou recentemente o Stelo, o primeiro adesivo conectado de venda livre que, segundo eles, é capaz de medir continuamente os níveis de glicose. A partir de agora, "se alguém simplesmente quiser entender o efeito de certos alimentos em seu corpo, (...) o produto estará acessível a ele", resume Jake Leach, número dois da DexCom.

A empresa vende dois patches, utilizáveis por um mês, por US$ 99 (cerca de R$ 598). Ele afirma que o usuário pode ver os resultados diretamente em um aplicativo móvel, em tempo real. De acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), quase 100 milhões de americanos têm pré-diabetes, que é um nível elevado de glicose abaixo do nível característico do diabetes.

"E a maioria deles não sabe porque não fez nenhum teste", diz Jake Leach, que acredita que o Stelo pode desempenhar um papel na prevenção e na "conscientização" sobre a doença.

Outros dispositivos conectados de última geração, também disponíveis ao público em geral, podem detectar apneia do sono, medir a pressão arterial sem o tradicional aparelho ou alertar sobre arritmia cardíaca. Mas alguns na comunidade médica e científica estão céticos sobre os dados coletados por esses dispositivos.

"Tenho certeza de que alguns desses produtos são benéficos, então não quero parecer que estou duvidando de todos eles, mas o processo [de aprovação] é péssimo", disse Diana Zuckerman, presidente do Centro Nacional de Pesquisa Médica (CNDH).