Temer afirma que Lula disse "bobagem" ao chamar de "golpe" impeachment de Dilma
Partido tem três ministérios, mas ala da legenda se movimenta para tentar apoiar candidatura de oposição em 2026
O ex-presidente Michel Temer declarou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse uma “bobagem” e fez uma “fala divisionista” ao chamar de golpe o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
– É uma bobagem o que ele falou, coitado. Não é bom, eu ontem dizia que não queria fazer comentário porque o comentário ajuda divisão do país. Essa fala é uma fala divisionista. Foi uma infelicidade dele – disse Temer ao Globo.
Lula fez ontem uma visita surpresa à galeria do Palácio do Planalto que reúne quadros de ex-presidentes. Na ocasião, ele reclamou que as fotografias não eram acompanhadas de informações sobre os mandatos dos chefes da República e disse que o impeachment de Dilma e a gestão de Temer na Presidência são fruto de um golpe.
— O que eu quero é que conte a História, a Dilma (Rousseff) foi eleita, foi reeleita, depois sofreu impeachment, que foi um golpe, depois esse aqui (apontando para Michel Temer) não foi eleito. Esse aqui tomou posse em função do impeachment da Dilma, tá? Depois esse aqui (apontando para Jair Bolsonaro) foi eleito em função das mentiras. É isso que tem que contar – declarou o presidente.
O MDB tem o comando dos ministérios dos Transportes, Planejamento e Cidades e faz parte da base do governo no Congresso. Apesar disso, uma ala do partido, da qual fazem parte nomes como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, o de Porto Alegre, Sebastião Melo, e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tentam fazer com que a legenda apoie um candidato oposicionista contra o PT na disputa presidencial de 2026.
O prefeito de São Paulo também criticou a fala do presidente e disse que o processo de impeachment teve apoio dos Poderes Legislativo e Judiciário.
– A defesa da democracia passa necessariamente pelo respeito às Instituições, Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal, que foram os responsáveis pelo impeachment. Golpe é dizer o contrário.
Integrantes da cúpula da legenda dizem que a fala de Lula prejudica a relação do MDB com o PT e provoca constrangimentos até para os integrantes do partido que são governistas.
Apesar de ter diálogo com vários integrantes importantes do partido e ter recebido o apoio de senadores e governadores da legenda na eleição de 2022, Lula nunca deixou de fazer críticas a Temer. Em mais de uma ocasião na última campanha eleitoral, o presidente chamou Temer de “golpista”.