'É alarmante a produção e venda clandestinas de anabolizantes', diz Conselho Regional de Farmácia
Instituição ressalta que a comercialização dos produtos fora de estabelecimentos de saúde e sem a responsabilidade técnica de um especialista "agrava ainda mais a situação"
O Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF/RJ) se manifestou sobre a "Operação Kairós", ação conjunta da Polícia Civil do Rio (PCERJ) e do Gaeco do Ministério Público do RJ, que desmantelou uma das maiores organizações criminosas envolvidas na fabricação clandestina de anabolizantes no Brasil.
Os produtos eram fabricados sem fiscalização, contendo até substâncias tóxicas, como repelentes de insetos, prejudiciais à saúde humana. O CRF reforçou que "produtos com fins terapêuticos exigem processos rigorosos de produção e controle de qualidade, desde as matérias-primas até o produto final".
Em nota, o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, que fiscaliza a atividade farmacêutica no Estado do Rio, manifestou sua "extrema preocupação" em relação a venda de anabolizantes clandestinos no país, com produtos contendo substâncias tóxicas e nocivas à saúde, como repelentes de insetos.
"É alarmante que esses produtos, sem registro nas autoridades de vigilância sanitária, tenham sido comercializados por empresas não autorizadas. O CRF/RJ ressalta que produtos com fins terapêuticos necessitam de rigorosos processos de produção e total controle de qualidade, desde o recebimento das matérias-primas até o produto final. A venda de substâncias sem qualquer garantia de procedência representa um grave risco à saúde da população", disse o conselho, em nota.
Além disso, a instituição também fez alertas sobre o uso de anabolizantes sem prescrição de profissionais habilitados e sem o devido acompanhamento terapêutico. De acordo com o CRF, a "comercialização desses produtos fora de estabelecimentos de saúde e sem a responsabilidade técnica de um especialista agrava ainda mais essa situação".
Em nota, o CRF/RJ recomendou que a população sempre "consulte um profissional de saúde habilitado antes de usar qualquer suplemento ou medicamento, e que esses produtos sejam adquiridos apenas em estabelecimentos regulares".
Durante a "Operação Kairós", também foram apreendidos medicamentos de uso controlado. O conselho ressaltou que, conforme a Portaria 344/1998, esses medicamentos devem ser vendidos "apenas mediante retenção de receita por farmácias autorizadas".
Nesta terça-feira, policiais civis da 76ª DP (Niterói) e agentes do Gaeco do Ministério Público do Rio prenderam dezesseis pessoas — uma em flagrante. Entre elas estão Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, o Boss, o alvo principal dos agentes, e a esposa dele. O casal estava numa mansão em São Gonçalo, na Região Metropolitana.
"A denúncia (feita pelo MP para a Justiça) é de 23 envolvidos num esquema grande, de produção e comércio de anabolizante", disse o delegado Luiz Henrique Pereira, titular da 76ª DP, ao Bom Dia Rio.
As investigações da Polícia Civil, por meio da 76ª DP (Niterói), e do Gaeco do Ministério Público do Rio apontaram que a quadrilha especializada em fabricar e vender anabolizantes clandestinos criou marcas para comercializar os produtos. Algumas delas se tornaram conhecidas, inclusive apareceram como patrocinadoras de eventos. São elas: Next Pharmaceutics, Pharma Bulls, Thunder Group, Venon, Supreme, Kraft, Phenix e Blank.
Para alavancar as vendas, a quadrilha patrocinava grandes eventos de fisiculturismo e atletas profissionais, diz a Polícia Civil. Além disso, remunerava influenciadores digitais. Os investigadores tentam identificar essas pessoas.