Saiba quais são as doenças mais comuns no verão, causas, prevenção e tratamento
Saiba quais são as doenças mais comuns relacionadas à estação mais quente do ano, veja como preveni-las e confira recomendações de especialistas para tratá-las da forma correta
O verão é uma das épocas preferidas da população para curtir as férias, que muitas vezes incluem viagens à praia, programação com banhos de piscina e outras atividades ao ar livre.
Apesar da diversão, é preciso tomar cuidado com a pele, além das viroses e bactérias, comuns durante essa época do ano, quando ocorrem mais festividades e encontros.
A Folha de Pernambuco mostra quais são as doenças mais comuns relacionadas à estação mais quente, as causas, as formas de prevenir e como tratá-las em caso de diagnóstico positivo.
Conjuntivite
Olhos vermelhos, inchados, com ardência ou secreção são sinais de alerta para buscar um médico, já que os sintomas podem indicar o surgimento de conjuntivite.
"A conjuntivite pode se dar por várias causas. Temos as causas alérgicas, que aparecem mais com coceira e olho vermelho. As causas infecciosas, que são as virais, bacterianas, onde predominam ali a secreção ocular, e temos as conjutivites causadas por algum trauma químico, como aconteceu com aquele caso das pomadas de cabelo", explica a oftalmologista Camila Moraes, da Fundação Altino Ventura.
De acordo com a especialista, durante o perído de festividades públicas e que geram aglomeração, como o carnaval, há um aumento no número de casos da doença.
"Essa época é muito mais de conjutivites virais ou bacterianas, que são transmissíveis, do que as conjutivites alérgicas. A gente vê um aumento sazonal, principalmente depois do carnaval. Essas conjuntivites a gente pode pegar tocando em objetos contaminados e tocando no olho, mas também como forma de resfriado. Isso porque vários dos vírus que causam a conjuntivite causam o resfriado", afirma.
Em caso de diagnóstico positivo para a doença, a oftalmologista recomenda a limpeza cuidadosa dos olhos com foco na hidratação.
"É preciso hidratar os olhos e a gente precisa de compressa de água gelada. A forma mais correta é limpar a secreção com uma gase ou um algodão molhado com soro e com os olhos fechados. Fora isso, usar compressas geladas, que podem ser feitas com água mineral ou gelo. O gelo não pode encostar na pele porque pode queimar. O ideal é colocar três, quatro gases em cima do olho e o cubinho de gelo derretendo", informou a oftalmologista.
"A conjuntivite dura, em média, de 5 a 7 dias. Então, é extremamente importante a pessoa ser examinada por um oftalmologista para saber se vai precisar usar um colírio específico de antibiótico, de corticoide, que ajude nos sintomas", destacou Camila.
Otite
Apesar do calor frequente, o período de dezembro a março também é marcado pela ocorrência de chuvas.
Entre os fatores mais comuns que causam a otite estão os quadros de viroses como gripe e resfriado, banhos excessivos de piscina e mar, além das mudanças climáticas.
Alguns sintomas que podem indicar a infecção no ouvido são febre, cefaleia, zumbido, problema de audição e tontura.
"A otite média é uma doença que ocorre na intimidade do ouvido e provoca, além de dor, sensação de ouvido tampado e diminuição da acuidade auditiva. Já a otite externa é uma infecção na pele do ouvido que gera uma dor geralmente mais intensa com história de banhos de piscina ou mar", explicou o otorrinolaringologista do Hospital Jayme da Fonte, Gustavo Motta.
Após a identificação da otite por parte do médico, o especialista explica que o tratamento pode ser feito com o uso de diferentes medicações recomendadas pelo profissional de saúde.
"O tratamento é realizado com controle da dor por analgésicos e antibiótico em gotas, pomadas ou comprimidos. O uso de antinflamatórios também pode ser recomendado".
Candidíase
Outra doença comum durante o verão é a candidíase, causada pelo desequilíbrio da flora vaginal e intestinal que atinge crianças e adultos. A doença também pode estar relacionada à alimentação.
"A cândida é um fungo que está presente no nosso corpo, mas em algumas situações - quando se tem o desequilíbrio da flora vaginal e da flora intestinal - a gente acaba tendo o aumento da candidíase. Isso acontece com o calor, a variação de açúcar no sangue, o estresse, a queda da imunidade e o uso de antibióticos", explica a ginecologista e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Marcia Oliveira.
A permanência com roupas molhadas ou o uso de peças que aquecam a região íntima também são fatores que facilitam a proliferação do fungo.
"Normalmente os sintomas estão relacionados ao ardor na região genital, vermelhidão, pode ocorrer inchaço da genital também, coceira. Pode ou não vir acompanhado de corrimento. Geralmente é branco ou, como é mais comum, parecidos com uma nata. A candidíase não é uma doença sexualmente transmissível. Então quando se tem candidíase, a gente não necessariamente tem que tratar o parceiro ou a parceira. Só se também houver sintomas", esclarece.
Micoses
O calor também pode ser um fator facilitador das micoses, as famosas infecções de pele provocadas pelo crescimento excessivo de fungos e que podem afetar a pele, couro cabeludo e unhas.
"As micoses são mais comuns nessa época do ano porque unem três situações: praia, a água salgada e o sol. Essa combinação faz com que você tenha uma facilidade com as lesões de pele. A gente queima a pele, perde essa camada de proteção da epiderme, e acaba sendo uma porta de entrada para fungos", explica o infectologista Filipe Prohaska, da Universidade de Pernambuco.
Entre os fatores mais comuns estão a coceira, a vermelhidão e o ressecamento da pele. Além das conhecidas manchas brancas, conhecidas como pano branco.
"A identificação clássica é o famoso pano branco, que são lesões esbranquiçadas que ficam distribuídas na pele. O tratamendo pode ser tópico ou oral, a depender do grau da lesão. Para isso precisa de uma avaliação do médico para ver a lesão e definir se o tratamendo ideal é tópico ou oral", ressalta.
Entre as recomendações do Ministério da Saúde, está a atenção ao secar o corpo, especialmente em regiões de dobras e virilha, além do espaço entre os dedos e as axilas.
A recomendação também alerta para o compartilhamento de toalhas e permanecer atento aos locais públicos, como banheiros e vestiários, além de evitar andar descalço nesses ambientes.
"As pessoas ficam, muita vezes, com a roupa molhada o dia todo. Vai à praia, não se seca, coloca uma roupa por cima. Essa roupa molhada também faz com que você tenha fungo na pele. Como por exemplo as frieiras; o pé molhado e você coloca um tênis. A mesma coisa acontece com o nosso corpo, nesse caso", alerta o infectologista Filipe Prohaska.
Intoxicação alimentar
As altas temperaturas e o período de férias também podem refletir na rotina, quando há uma maior movimentação para consumo de alimentos em restaurantes, lanchonetes, bares, ambulantes e vendedores nas praias.
Por isso, a recomendação é ficar atento se o local apresenta bom condicionamento da comida, além de prestar atenção ao odor e a aparência dos alimentos.
"Um dos primeiros fatores é que o alimento tem que estar bem condicionado. Nessa época de calor é sempre mais difícil. Outra coisa é a dificuldade para higienizar as mãos de forma adequada", salientou o infectologista Filipe Prohaska.
Alguns sinais que podem indicar o diagnóstico de intoxicação alimentar são náuseas, diarréia, febre, além de desidratação.
"As doenças virais vêm com sintomas como se fossem viroses: dor no corpo, diarreia, febre, às vezes até um nariz que fica escorrendo. Mas existe também as gastrointerites bacterianas, como salmonela - por exemplo -, vindo com muco e até sangue. Nesses casos há a necessidade de fazer uso do antibiótico para tratar essas diarréias, que são bem graves", explica Prohaska.
O especialista reforça a necessidade de atenção nos cuidados aos grupos de risco, como pessoas com comorbidades, crianças e idosos.
"Grupos de risco sempre são mais preocupantes: crianças, idosos e pessoas que têm algum grau de himunosupressão; comorbidade também. Precisam de um cuidado maior porque eles desidratam com mais frequência", afirma.
"As recomendações para as pessoas que estão com infecção intestinal é se hidratar bem e consumir uma alimentação leve. Alimentação sem gordura, sem irritantes gástricos, sem corantes. Um arroz branco, sem molho, uma carnezinha grelhada, um feijão macassa. Evitar ao máximo comidas que sejam irritativas", recomendou Filipe Prohaska.