Além de Bolsonaro, Trump convidou Milei, Meloni e Xi Jinping para posse na segunda-feira (20)
Lista de convidados do presidente eleito dos EUA abrange populistas e grandes nomes da extrema-direita global
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, a lista de convidados do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, para a sua posse no Capitólio na segunda-feira (20) está repleta de nomes proeminentes da extrema-direita global — marcador ideológico incomum para a tradicional cerimônia.
Em geral, diplomatas estrangeiros comparecem por cortesia, mas chefes de Estado e de governo costumam ficar de fora do evento.
O republicano, no entanto, não se guiou pelas regras. Figuras como o presidente argentino, Javier Milei, o chinês Xi Jinping, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, foram incluídas na lista vip, enquanto centristas como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foram barrados da festa.
Mesmo políticos que não ocupam cargos no Executivo no momento, como o próprio Bolsonaro, foram chamados para a cerimônia.
O parlamentar britânico Nigel Farage, líder do Partido Reformista e precursor do movimento a favor do Brexit no Reino Unido, o ultradireitista francês Éric Zemmour, o belga Tom Van Grieken e o ex-primeiro ministro polonês Mateusz Morawiecki também estão na lista de Trump.
O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, admirador do presidente russo Vladimir Putin e considerado um ícone pela extrema-direita global, também foi convidado, mas não poderá comparecer, informou seu Gabinete.
A extrema-direita da Alemanha, considerada muito radical até por outras lideranças ultradireitista no Parlamento Europeu, também estará presente. Trump convidou a candidata a chanceler do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel.
No entanto, devido à agenda de campanha antes das eleições, que ocorrem em 23 de fevereiro, o co-líder do partido, Tino Chrupalla, comparecerá em seu lugar, informou o partido na quinta-feira.
Convite a admiradores
A equipe de Trump também estendeu convites aos admiradores de Trump nos trópicos. O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, e o equatoriano Daniel Noboa foram chamados para a cerimônia. Bukele, que se autodenomina como o "ditador mais legal do mundo", ainda não confirmou sua presença, enquanto Noboa aproveitará uma breve visita a Washington para participar do evento.
O candidato opositor venezuelano, Edmundo González Urrutia, que reivindica vitória sob Nicolás Maduro na última eleição presidencial, também foi convidado e confirmou sua presença na posse.
Bolsonaro, por outro lado, não estará no evento. Com o passaporte retido pela Justiça, ele foi impedido de viajar pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Entre os chanceleres estarão no evento Subrahmanyam Jaishankar, ministro das Relações Exteriores da Índia, e o seu homólogo no Japão, Takeshi Iwaya.
Convite inusitado
No mês passado, Trump surpreendeu ao convidar Xi Jinping para o evento. Segundo o jornal americano Politico, o curto prazo do convite e o fato de que nunca um chefe de Estado chinês compareceu à posse de um americano tornou improvável a presença de Xi, ainda que ele quisesse.
Viagens do presidente chinês requerem um planejamento militar, cujos preparativos levam meses para ser concluídos, informou o Politico.
No entanto, em retribuição ao gesto, Xi enviará uma autoridade de alto nível para representá-lo em seu lugar, de acordo com o diário britânico Financial Times. A disputa está entre o vice-presidente, Han Zheng, e o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Os dois líderes conversaram por telefone nesta sexta-feira.
Han tem um papel simbólico na hierarquia do Partido Comunista Chinês. A presença do chanceler Wang, por sua vez, certamente levaria a conversas com a equipe diplomática do novo governo, como o indicado a secretário de Estado, Marco Rubio, capazes de determinar o futuro das relações entre os países antes mesmo da prometida guerra comercial que o republicano ameaça travar contra a indústria chinesa.
Lula fora da posse
Com tantas presenças, as ausências também chamam atenção. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está entre os chefes de Estado que ficarão de fora da posse.
Mesmo figuras da extrema direita mais críticas a Trump não foram poupadas. A deputada francesa Marine Le Pen , líder do maior partido da ultradireita do país, o Reagrupamento Nacional (RN), e três vezes candidata à Presidência não foi chamada pela equipe de transição, tampouco seu pupilo, o eurodeputado Jordan Bardella.