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Fogo em Los Angeles: colecionador calcula perda de mais de 200 obras, de Andy Warhol a Keith Haring

Ron Rivlin acredita que cerca de 30 obras de Andy Warhol, além de dezenas de trabalhos de outros artistas, foram destruídos pelo fogo que atingiu o bairro de Pacific Palisades

Casa do colecionador Ron Rivlin foi destruída pelo fogo, levando consigo mais de 200 obras de arte - Tag Christof/TNYT

À medida que as chamas se aproximavam de sua casa no bairro de Pacific Palisades, em Los Angeles, e sua filha implorava, por telefone, para que ele deixasse o local, Ron Rivlin decidiu fugir levando três Andy Warhols com ele. Era tudo o que ele conseguia carregar. Quando voltou, dias depois, descobriu que sua casa havia sido destruída, e com ela sua considerável coleção de arte.

Havia perdido mais de duas dúzias de Warhols — ele é dono de uma galeria em West Hollywood especializada em Warhol —, além de obras de Keith Haring, Damien Hirst, John Baldessari e Kenny Scharf.

— Agora é tudo poeira — disse Rivlin na segunda-feira, ao retornar à casa, construída há cerca de cinco anos e projetada com sua coleção de arte em mente.

Agora, é tudo um poço de escombros. De pé, com os tornozelos afundados no metal retorcido e no concreto esfarelado, Rivlin procurou por quaisquer resquícios da coleção de arte que foi forçado a abandonar.

Havia uma gravura rosa-choque de Warhol da rainha Elizabeth pendurada atrás de sua mesa, um conjunto de gravuras de latas de sopa Campbell em sua sala de estar e um portfólio colorido de personagens culturais, incluindo o Super-Homem e o Mickey, em seu porão.

Rivlin estimou que mais de 200 obras de arte foram queimadas em casa, com perdas que chegam a milhões de dólares. E disse que já acionou a empresa de seguros.

Vulnerabilidade
Em Los Angeles, onde a ameaça de incêndios florestais é sempre uma preocupação, os museus fazem de tudo para proteger suas coleções.

O Getty Center, uma instituição de arte de Los Angeles que ficou na zona de evacuação obrigatória do incêndio de Palisades por um tempo, foi construído com pedra resistente ao fogo, concreto e aço protegido e cercado por paisagismo bem irrigado. Até agora, foi poupado.

Mas coleções de arte privadas como a de Rivlin tendem a ser mais vulneráveis. Ele tinha sprinklers em todos os cômodos da casa, mas seus Warhols não estavam protegidos do tipo de incêndio que varreu Palisades.

— Não houve muito tempo para pensar: “Meu Deus, precisamos tirar a arte de lá” — disse Melanie Breitman, gerente da Revolver, a galeria de Rivlin na Sunset Boulevard.

Rivlin, de 51 anos, entrou no mundo da arte após uma carreira na indústria musical. Quando comprou seu primeiro Warhol, em 2011, iniciou-se uma obsessão; além de sua galeria dedicada ao artista, ele foi consultor do FBI na identificação de falsificações.

Quando Rivlin se mudou para Palisades, tornou-se uma espécie de promotor da vida noturna para os moradores da Geração X do bairro, convidando pessoas para dançar em sua casa e iniciando um evento em um restaurante que era restrito a pessoas com 40 anos ou mais.

Entre os Harings que ele perdeu, disse Rivlin, estava uma serigrafia de 1986 chamada “Andy Mouse” que retratava um Warhol de desenho animado como um personagem de Mickey Mouse. Ainda mais valiosos emocionalmente, disse Rivlin, foram os álbuns de fotos da família perdidos no incêndio.

Preocupado que sua galeria possa enfrentar o mesmo destino, já que a região continua a lutar contra vários incêndios, Rivlin tem profissionais já prontos para carregar toda a sua arte em um caminhão, se necessário.

Ele disse que ficou surpreso com o nível de destruição do bairro:

— Estava olhando para minha propriedade, mas estava olhando para todos os meus vizinhos também. Perdi muita esperança. Francamente, pensei que seria impossível para nós sequer considerarmos nos mudar de volta para lá.

Pé no chão
Mas quando ele retornou ao local de sua casa na segunda-feira e começou a vasculhar os escombros, começou a notar o que havia resistido ao fogo.

Rivlin viu a base de um esqueleto de mais de 4m de altura que sua família coloca no quintal perto do Halloween e, nos destroços, os números de metal que identificavam seu número de casa: 7-5-0.

Na parte de trás de sua propriedade, uma obra de arte havia sobrevivido. Era uma escultura de aço inoxidável do artista Michael Benisty que retrata duas figuras, de mãos dadas, projetadas para parecer que estão parcialmente se desintegrando. Parecia em boas condições.

— Hoje me deu esperança — disse Rivlin.