Em primeiro discurso após aprovação do acordo, Netanyahu chama cessar-fogo de 'temporário'
Segundo o primeiro-ministro israelense, Israel não descansará até ter todos os seus objetivos atingidos
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, fez neste sábado seu primeiro discurso à nação desde que o acordo de cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza foi firmado — com mediação do Catar, Egito e EUA — na quarta-feira.
A declaração acontece na véspera da trégua, que segundo autoridades do Catar terá início às 8h30 (horário local) de domingo. O premier não falava publicamente desde antes da realização de uma cirurgia para remoção da próstata no mês passado.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chama a primeira etapa do acordo de libertação de reféns de “cessar-fogo temporário”, em seus primeiros comentários públicos sobre o acordo, previsto para entrar em vigor amanhã.
Netanyahu disse que tanto o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, quanto o presidente dos EUA, Joe Biden, enfatizaram que Israel pode voltar a lutar em Gaza se as próximas etapas do acordo não forem cumpridas.
Israel não descansará até que “todos os seus objetivos de guerra sejam concluídos”, diz ele, o que inclui o retorno de cada um dos reféns mantidos em Gaza.
O primeiro-ministro disse que os EUA prometeram que Israel terá o armamento necessário para voltar a lutar, se necessário, e o fará “de novas maneiras e com grande poder”.
O aceite final israelense à proposta foi concluído após duas votações realizadas nesta sexta-feira, primeiro no Gabinete de Segurança, um órgão restrito com apenas 11 integrantes, e depois no Gabinete de Governo, que inclui todos os 33 ministros do governo Netanyahu.
Segundo a imprensa israelense, 24 ministros votaram a favor e oito foram contrários ao acordo, entre eles o ministro da Segurança Interna de Israel, Itamar Ben-Gvir, de extrema direita, que renunciou neste sábado.
A primeira fase do acordo trata sobre a libertação ou devolução dos restos mortais de 33 cativos, em troca de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
O Ministério da Justiça israelense divulgou uma lista parcial com 95 nomes, entre os quais há mulheres e crianças. Esta etapa, que deve durar seis semanas, também inclui uma retirada gradual de forças israelenses de determinadas posições, com o retorno da população civil ao norte de Gaza.
O Hamas deve liberar com uma antecedência de 24 horas o nome dos reféns que serão soltos a cada dia, o que significa que já no sábado devem ser confirmados quem estará na primeira entrega.
Antes do discurso, ele havia exigido uma lista dos reféns que seriam libertados no domingo, antes da primeira troca de prisioneiros sob o acordo de trégua com o Hamas.
"Não prosseguiremos com a implementação do acordo até que tenhamos recebido, conforme combinado, a lista de reféns a serem libertados", disse Netanyahu em um comunicado.
Um porta-voz do líder israelense disse à AFP que a lista em questão era a de reféns que deveriam ser libertados no domingo, a partir das 14h30 GMT (11h30 no horário de Brasília), seis horas após a trégua entrar em vigor.