EUA

Às vésperas da posse, Trump discursa, exalta apoio de big techs e festeja: 'O Tik Tok está de volta'

Presidente eleito dos EUA promete assinar no primeiro dia ordens executivas desfazendo medidas do governo Biden

Donald Trump discursa a apoiadores, em Washington, e promete assinar ordem executiva para permitir a volta do TikTok - Foto: AFP

Em seu primeiro discurso em Washington desde quando falou com seus apoiadores pouco antes de eles atacarem o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no "comício da vitória", em uma arena no centro da capital, que nesta segunda-feira, ao meio-dia, se encerram “quatro longos anos de declínio americano”. E que sua posse iniciará “um novo período de força, prosperidade e orgulho para os americanos”.

No discurso, acompanhado por uma multidão que lotou a arena, que tem capacidade para 20 mil pessoas, Trump anunciou que uma de suas ordens executivas na segunda-feira será "para salvar o Tik Tok", adiando o período em que a empresa teria para articular uma venda para um dono americano.

— O TikTok está de volta — declarou Trump.

Também afirmou que conversou "hoje" com Tim Cook, da Apple, destacando o apoio das big techs a seu governo após os choques com a administração de Joe Biden, que pisou no acelerador da regulamentação.

Perguntou em seguida onde estava Elon Musk, saudou a ideia da criação do Doge, o "departamento contra o Estado profundo e seus desperdícios", e chamou o dono do X e da Tesla ao palco para discursar. "Faremos juntos a América grande novamente", afirmou o bilionário.

Além do ineditismo de dividir o palco com um empresário no discurso da vitória, Trump fez questão de agradecer a "Elon" "por ter me ajudado a ganhar a eleição, especialmente na Pensilvânia, onde ele trabalhou duro para mim". Também afirmou que nesta segunda-feira irá assinar ordens executivas tornando inválidas "dezenas de medidas radicais do governo Biden".

— Vocês se divertirão amanhã vendo a TV — avisou, referindo-se às primeiras medidas que anunciará e deverá começar a dar forma a seu segundo mandato no comando dos EUA.

Fontes do Partido Republicano dizem que estão discutindo sobre a possibilidade de se transportar uma mesa para o palco da arena amanhã, onde Trump assinaria os documentos para a militância, e não no Salão Oval, como ocorre tradicionalmente.

Fim de políticas identitárias
Em seu último comício antes de voltar à Casa Branca, Trump não diminuiu a retórica populista que caracterizou sua campanha no ano passado. Afirmou que irá acabar com a entrada de criminosos e pessoas com problemas de saúde mental pela fronteira, que as Forças Armadas do país não estarão mais sob o comando da ideologia identitária e que competições femininas nas escolas não incluirão pessoas trans.

Também afirmou que seu Ministério da Justiça irá restaurar no país "o domínio da lei" em alusão ao que considera ser o uso político do órgão contra ele. A oposição democrata teme que ocorra exatamente o oposto e que, como o presidente eleito ameaçou durante a campanha no ano passado, usará o Estado para perseguir seus inimigos.

Trump também foi direto sobre os indivíduos processados e condenados pela invasão do Capitólio, prometendo que todos ali ficarão “muito felizes” quando ouvirem sua decisão amanhã "sobre os reféns" de 6 de janeiro.

Documentos sobre assassinatos
Um cultor das teorias da conspiração, o presidente eleito também anunciou que tornará públicos nos próximos dias "documentos sobre os assassinatos do ex-presidente John Kennedy, de seu irmão Robert Kennedy e de Martin Luther King Jr.". A promessa foi recebida com euforia pelo público.

Trump terminou o discurso dançando no palco com o Village People aquele que virou o improvável hino de sua campanha, o clássico disco "Y.M.C.A", se apropriando de uma música anteriormente identificada com a comunidade LGBTQIA+.