REINO UNIDO

Começa o julgamento pelo assassinato de três meninas que gerou distúrbios no Reino Unido

Embora a pista terrorista não tenha se sustentado na investigação, a polícia informou que o jovem também foi acusado de produzir ricina, um veneno extremamente tóxico

Uma van da prisão escoltada por uma van da polícia chega ao Tribunal de Justiça da Rainha Elizabeth II em Liverpool, noroeste da Inglaterra, em 20 de janeiro de 2025 - Paul Ellis/AFP

O julgamento pelo assassinato de três meninas em 29 de julho no norte da Inglaterra, que desencadeou violentos protestos anti-imigração no Reino Unido, começa nesta segunda-feira (20) em Liverpool, em um julgamento que pode durar quatro semanas.

O assassinato de três meninas de 6, 7 e 9 anos, em Southport (noroeste da Inglaterra), durante uma aula de dança, desencadeou distúrbios em dezenas de cidades, alimentados por agitadores de extrema direita, em meio a rumores sobre o suspeito, que o apresentavam erroneamente como um solicitante de asilo muçulmano.

O suposto agressor, Axel Rudakubana, de 18 anos, nascido no País de Gales e de origem ruandesa, um país com uma fé predominantemente cristã, foi acusado do assassinato das três meninas, além de ferir outras oito crianças e dois adultos.

Embora a pista terrorista não tenha se sustentado na investigação, a polícia informou que o jovem também foi acusado de produzir ricina, um veneno extremamente tóxico, e de possuir um manual de treinamento da Al-Qaeda.

A violência durou vários dias, com manifestantes atacando hotéis que abrigavam solicitantes de asilo e mesquitas, e entrando em confronto com a polícia, que foi mobilizada em massa, e com contramanifestantes.

O primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, que assumiu o poder algumas semanas antes, em 4 de julho, denunciou os protestos de "extrema direita" e prometeu a máxima firmeza aos perpetradores dessa violência e àqueles que a incitaram online.

Em meados de dezembro, mais de 410 pessoas foram condenadas em todo o país em relação a esses distúrbios, incluindo mais de 360 que foram condenadas à prisão.

Dois homens foram condenados a nove anos de prisão, a punição mais severa já imposta na repressão à violência.

O príncipe William e sua esposa Kate visitaram Southport em outubro, prestando homenagem às meninas e àqueles que ajudaram a resgatar as vítimas.

O evento foi o primeiro compromisso conjunto do casal desde que a princesa terminou sua quimioterapia.