SAÚDE

Escolha de carreira pode indicar maior probabilidade de ter uma condição mental, diz novo estudo

Professores, policiais, faxineiros, cozinheiros e garçons têm maior probabilidade de serem geneticamente predispostas ao TDAH

Busca por emprego - Pixabay

Cientistas examinaram os dados de mais de 400 mil britânicos e americanos e descobriram que a escolha de carreira pode indicar o risco de uma variedade de condições mentais. Segundo eles, isso ocorre por conta de uma ligação entre genes que aumentam o risco de distúrbios como TDAH, autismo, depressão e esquizofrenia associados ao trabalho.

Aqueles que trabalham com artes e design, por exemplo, eram mais propensos a ter uma predisposição genética para doenças mentais em geral — incluindo anorexia, transtorno bipolar, autismo, esquizofrenia e depressão.

Pessoas que trabalham com computadores têm maior probabilidade de serem geneticamente predispostas ao autismo e são menos vulneráveis à depressão e ao TDAH.

Professores são mais propensos a apresentar sinais de anorexia e TDAH.

Pessoas que trabalham em assistência social eram mais propensas a ter traços genéticos de depressão, e fazendeiros, pescadores e lenhadores eram mais propensos a ter TDAH.

De todas as 21 profissões estudadas, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade foi a condição mais frequentemente associada e tinha maior probabilidade entre faxineiros, cozinheiros e garçons, operários de fábrica, construtores, policiais, aqueles que trabalham em transportes (como motoristas de ônibus) e cabeleireiros.

"Fomos inspirados a examinar se certas variantes genéticas que aumentam o risco de desenvolver esses transtornos também podem oferecer benefícios potenciais em contextos específicos — uma "troca" que pode ajudar a explicar por que essas variantes comuns persistem nas populações”, afirmou Georgios Voloudakis, médico especialista em psiquiatria na Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai e principal autor do estudo.

No entanto, os pesquisadores disseram que, o efeito real que essas predisposições genéticas tiveram na escolha de carreira de alguém foi bastante pequeno. Eles estimaram que essas peculiaridades genéticas representam apenas cerca de 0,5% do que pode influenciar alguém a entrar em um determinado setor.

Entretanto, pessoas com certas predisposições genéticas eram menos propensos a ingressar em determinados setores. Aqueles que tinham uma inclinação genética para TDAH, por exemplo, tinham menos probabilidade de se tornarem arquitetos, trabalhar em tecnologia, negócios, educação, direito ou saúde.

"Isso implica que preconceitos sistêmicos na educação podem afetar desproporcionalmente indivíduos com maior predisposição genética para TDAH, mesmo que eles nunca recebam um diagnóstico real", disse Voloudakis.

Os pesquisadores planejam continuar suas pesquisas e examinar outras características que podem ser explicadas por esses traços genéticos.

"Essas descobertas não significam que podemos prever o emprego de alguém com base em sua genética. Em vez disso, elas destacam tendências sutis em nível de grupo. Em média, pessoas com (predisposições) maiores para certas características podem ter uma probabilidade ligeiramente maior de acabar em certos empregos”, afirma.