ORIENTE MÉDIO

Em meio à trégua em Gaza, Israel lança operação militar na Cisjordânia

Quatro reféns devem ser libertadas no sábado

As forças de segurança da Autoridade Palestina são enviadas ao campo de refugiados palestinos de Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 18 de janeiro de 2025, após um acordo alcançado com militantes locais - Jafaar Ashtyeh/AFP

As Forças Armadas de Israel (FDI) lançaram uma operação militar nesta terça-feira na Cisjordânia, enquanto os combates na Faixa de Gaza estão interrompidos por força do cessar-fogo anunciado na semana passada. O novo avanço contra territórios palestinos acontece em meio à expectativa de que uma nova troca de reféns em Gaza por prisioneiros palestinos seja concluída no fim de semana — com o Hamas afirmando que quatro mulheres serão soltas no sábado.

A operação "Muralha de Ferro", anunciada conjuntamente pelas FDI, Shin Bet e polícia da fronteira de Israel, foi apresentada como uma ação de contraterrorismo na região de Jenin, na Cisjordânia, que abriga um importante campo de refugiados palestinos.

Antes do início da guerra em Gaza, com o atentado terrorista de 7 de outubro de 2023, a zona era um dos principais palcos de ações israelenses, sob o argumento de que novos grupos armados estariam se desenvolvendo na região.

"Sob a direção do gabinete de segurança política, as FDI, o Shin Bet e a Polícia de Israel lançaram hoje uma extensa e significativa operação militar para erradicar o terrorismo em Jenin", afirmou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em uma publicação no X. ""Este é mais um passo para alcançar o objetivo que estabelecemos – reforçar a segurança na Judeia e Samaria [como as autoridades do Estado judeu se refere à Cisjordânia]. Agimos metodicamente e resolutamente contra o eixo iraniano para onde quer que este envie as suas armas - em Gaza, no Líbano, na Síria, no Iêmen, na Judeia e na Samaria".

A Autoridade Nacional Palestina, que governa a Cisjordânia, anunciou que uma pessoa morreu em Jenin nesta terça-feira, vítima de um disparo de drone efetuado pelo Exército israelense. Em imagens repercutidas por veículos de imprensa israelense é possível ouvir disparos em uma região densamente povoada.

O governador de Jenin, Kamal Abu al-Rub, afirmou que estava havendo "uma invasão do campo" de refugiados, em uma entrevista à agência de notícias francesa AFP.

— Aconteceu rapidamente, helicópteros apache no céu e veículos militares israelenses por toda parte — afirmou al-Rub.

O porta-voz das forças de segurança palestinas, Anwar Rajab, afirmou em uma declaração que as forças israelenses "abriram fogo contra civis e forças de segurança", que conduziam uma operação contra facções extremistas desde o início de dezembro na área. Ao menos um agente estaria em "estado crítico. Um jornalista da AFP afirmou que forças palestinas deixaram algumas de suas posições ao redor do campo antes da chegada das forças israelenses.

A situação na Cisjordânia se tornou motivo de preocupação, inclusive para algumas autoridades do governo israelense, em meio à pausa nos confrontos em Gaza — que até o momento vem sendo respeitado por Israel e Hamas. Colonos israelenses atacaram duas aldeias palestinas na noite de segunda-feira, em uma ação que terminou com dois deles alvejados por um policial israelense. A conduta dos colonos foi alvo de uma condenação oficial do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, nesta terça.

— Os colonos devem ser tratados da mesma forma que [as pessoas envolvidas em] qualquer outro incidente em qualquer lugar do Estado de Israel — afirmou Katz, que também pediu para que lideranças da região condenassem incidentes violentos deste tipo.

Apesar da repreensão, Katz também pediu a atenção dos colonos para possíveis ameaças à própria segurança, uma vez que os assentamentos seriam a "única arena aberta" neste momento de cessar-fogo.

— Estamos comprometidos e as FDI estão comprometidas, de acordo com minha diretriz, em agir com força para proteger todos os colonos e assentamentos contra o terrorismo palestino e agir com grande força para frustrar o terrorismo — afirmou.

Nova troca de reféns e prisioneiros
O início da operação e a situação envolvendo os colonos na Cisjordânia, ao menos inicialmente, não parece ter tido repercussões na frente de Gaza, onde o acordo vem sendo respeitado nos primeiros dias. Um oficial do Hamas, Taher al-Nunu, afirmou à agência francesa AFP nesta terça-feira que quatro mulheres israelenses serão libertadas no sábado, na segunda das trocas acordadas para este cessar-fogo de 42 dias.

Embora as identidades não tenham sido reveladas até o momento, o Hamas deve liberar uma lista detalhando quem são elas até 24 horas antes da troca acontecer, segundo os termos negociados. Na primeira troca, as identidades das reféns libertadas só foram conhecidas no dia da troca.