ESTADOS UNIDOS

O segundo dia de Trump após enxurrada de decretos presidenciais

Ainda não se sabe até que ponto o republicano conseguirá realizar seus anúncios estrondosos devido à sua estreita maioria no Congresso e aos desafios legais esperados

Uma pilha de jornais do Kuwait Times mostra a primeira página da publicação em uma banca de jornal na cidade do Kuwait em 21 de janeiro de 2025, com uma foto da cerimônia de posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos - Yasser Al-Zayyat/AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inicia nesta terça-feira (21) o seu segundo dia de mandato com o objetivo de aplicar diversas medidas anunciadas por decreto para enterrar o legado de Joe Biden e combater a migração ilegal.

Durante a manhã, o republicano irá à Catedral Nacional de Washington para um serviço religioso sóbrio, após a pompa e a euforia das cerimônias do dia anterior.

Aos 78 anos, Trump se tornou o presidente mais velho a assumir o cargo na história dos EUA. Isso não o impediu de começar seu segundo mandato a todo vapor com a assinatura de decretos para cumprir promessas eleitorais, sobretudo a luta contra a imigração ilegal, o aumento da produção de hidrocarbonetos e o reconhecimento de "dois sexos" para acabar com a "loucura transgênero".

Também começou a desdobrar sua ofensiva anti-imigração, declarando estado de emergência nacional na fronteira com o México e permitindo que as Forças Armadas fossem mobilizadas para repelir o que ele considera "uma invasão".

"Começaremos a deportar milhões e milhões de estrangeiros criminosos", declarou.

Além disso, designou os cartéis como organizações terroristas estrangeiras e pretende invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, para "eliminar a presença de todas as gangues", e imporá tarifas alfandegárias de 25% ao México e ao Canadá a partir de 1º de fevereiro.

"Provavelmente, o México não vai querer isso, mas temos que fazer o certo", afirmou à noite na Casa Branca.

Ainda não se sabe até que ponto o republicano conseguirá realizar seus anúncios estrondosos devido à sua estreita maioria no Congresso e aos desafios legais esperados.

Várias ONGs já recorreram judicialmente à sua ordem de eliminar a cidadania por nascimento nos Estados Unidos.

Trump reiterou sua política expansionista, afirmando que os Estados Unidos retomarão o Canal do Panamá e mudarão o nome do Golfo do México para Golfo da América. Ele também está convencido de que a Dinamarca concordará com a ideia de ceder a Groenlândia.

"Era de Ouro"
"A Era de Ouro dos Estados Unidos começa agora", declarou na segunda-feira ao ser empossado sob a cúpula do Capitólio, cercado por sua família, mas também por personalidades da extrema direita global e inúmeros bilionários, como Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (SpaceX, X, Tesla) ou o francês Bernard Arnault (LVMH).

Os grandes empresários até mesmo relegaram muitos dignitários republicanos e governadores para fora da sala. Um sinal da importância que o novo presidente atribui a estes barões dos negócios.

Em um discurso sombrio e vingativo, Trump prometeu rapidamente atacar uma "elite corrupta e radical", sob o olhar atento de seu antecessor Joe Biden, que ouvia impassível.

Nesta terça-feira, ele demitiu quatro funcionários de alto escalão nomeados pelo democrata e alertou que "mais de mil outros" seriam destituídos, em sua primeira mensagem publicada na rede Truth Social desde sua posse.

O republicano também reverteu a política americana em relação ao aquecimento global. O bilionário decretou estado de emergência energética para aumentar a produção de hidrocarbonetos, apesar de o país já ser o maior produtor mundial.

O segundo maior poluidor do mundo também se retirará, mais uma vez, do Acordo Climático de Paris.

Donald Trump, que há muito tempo promete "se vingar" de seus opositores políticos, perdoou da noite para o dia "mais de 1.500" de seus apoiadores que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para impedir a certificação da vitória de Biden.