'Botão' para refrigerante diet, busto de Churchill e mais: Trump redecora Salão Oval da Casa Branca
Republicano deu toque especial a cômodo com objetos pessoais e itens inusitados
Enquanto implementava suas primeiras ordens como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump também punha em marcha a tradicional remodelagem da decoração do Salão Oval. Foi nesse cômodo da Casa Branca onde o republicano assinou parte de uma série de ordens executivas para iniciar o que chamou de "revolução do bom senso" no país.
Segundo a BBC, Trump decidiu dar seu toque especial ao Salão Oval, desta vez, com estatuetas de prata, um novo carpete e um peso de papel personalizado. Colocou no espaço objetos pessoais, como porta-retratos da família, e alguns itens inusitados, como um botão vermelho a ser usado para pedir, a qualquer hora, que um mordomo lhe traga sua bebida preferida: uma Coca-Cola Diet.
Além disso, o republicano reinstalou no Salão Oval um busto do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill, que, assim como Trump, liderou seu país em dois períodos — de 1940 a 1945 e, depois, de 1951 a 1955. A estátua do estadista havia sido retirada pelo democrata Joe Biden ao derrotar o magnata em 2020.
Ainda de acordo com a BBC, Trump manteve alguns toques de Biden no Salão Oval, a exemplo de um retrato do ex-presidente Benjamin Franklin e uma escultura do ativista político Martin Luther King Jr.
'Decretação'
O "decretaço" de Trump foi citado no discurso de posse e confirmado durante um evento para 20 mil apoiadores na Arena Capitol One, em Washington. Outras medidas foram firmadas posteriormente no Salão Oval.
A série de ordens executivas incluiu o endurecimento das políticas migratórias do país, a revogação de cerca de 80 decretos assinados pelo ex-presidente Joe Biden, a reformulação na "burocracia" de Washington, o perdão a condenados pelo ataque ao Capitólio e a autorização ao TikTok para operar por mais 75 dias, um dia após a plataforma ter sido suspensa no país. Repetindo os decretos do seu primeiro mandato, ele também retirou os EUA do Acordo de Paris e da Organização Mundial da Saude (OMS).
Imigração
Trump revogou cerca de 80 decretos do governo de Joe Biden, incluindo um que permitiu a reunificação de famílias de imigrantes que haviam sido separadas na fronteira por um política de “tolerância zero” imposta por Trump no primeiro mandato. Como já havia adiantado em seu discurso, o republicano designou cartéis mexicanos como organizações terroristas, dificultou o acesso à cidadania a filho de imigrantes em situação irregular nascidos nos EUA, e declarou emergência nacional na fronteira com o México, o que permite mobilizar as Forças Armadas na região e selar os pontos de entrada nos Estados Unidos.
O republicano também revisará o sistema para refugiados. Logo após a posse, a Casa Branca anunciou a suspensão de novos pedidos de refúgio por ao menos quatro meses e desmantelou o aplicativo CBP One, que facilitava a imigração regular a requerentes de asilo. Não só a ferramenta foi interrompida, como todos os agendamentos que já estavam marcados foram cancelados.
Na posse, o presidente disse que invocaria a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, mas por ora não a decretou. A medida foi usada apenas três vezes na História, todas durante períodos de guerras, e pode ser a bala de prata de seu plano de deportação em massa, já que permite a detenção e expulsão arbitrária de pessoas com base apenas na sua origem, sem passar por um juiz de imigração. Ele também prometeu retomar a política “fique no México”, do seu primeiro mandato, que determina que requerentes de asilo aguardem a autorização de entrada no vizinho, mas não assinou a medida.
Burocracia e diversidade
Trump também decretou o congelamento de novas regulamentações e contratações federais, mirando o que chamou de “burocratas” de Biden. O presidente impôs que funcionários federais retornassem ao regime 100% presencial e permitiu a nomeação de pessoal para servir na máquina pública de forma interina até que seus indicados sejam confirmados.
Trump também assinou um decreto que rescinde as diretrizes da administração Biden sobre diversidade, equidade e inclusão (DEI), afirmando que as contratações passarão a ser “por mérito”. A ordem revoga partes de uma medida assinada por Biden em seu primeiro dia no cargo, há quatro anos, e pode restringir o acesso a cuidados médicos de afirmação de gênero, publicou a agência americana Associated Press.
Acordo de Paris e OMS
O presidente ainda retirou os EUA do Acordo de Paris, pacto que limita a emissão de gases de efeito estufa para evitar o aquecimento global, assim como fez no seu primeiro mandato. Segundo ele, “os EUA não vão sabotar sua própria indústria enquanto a China continua poluindo livremente”
Os EUA são o segundo maior país emissor de gases de efeito estufa do planeta, atrás apenas da China. Mas as emissões de gás carbônico de forma per capita pelos americanos (quase 335 milhões) são o dobro dos chineses (1,4 bilhão) e até oito vezes maior que dos indianos (1,4 bilhão), segundo a ONG World Resources Institute.
No final da coletiva de imprensa no Salão Oval, o republicano também assinou a saída do país da Organização Mundial da Saúde (OMS), alegando que o país gasta muitos fundos com a entidade.
Perdão a invasores do Capitólio
Em um dos seus decretos, Trump concedeu perdão a cerca de 1500 condenados pela invasão ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, a quem chamou de “reféns”. O magnata também comutou as sentenças dos grupos extremistas Oath Keepers e Proud Boys condenados por conspiração sediciosa, cujos líderes foram condenados com algumas das penas mais altas envolvendo o ataque ao Legislativo.
TikTok
Trump também assinou uma ordem executiva para manter a plataforma chinesa nos EUA, um dia após sua suspensão. Segundo ele, a medida valerá por 75 dias enquanto se busca por um possível comprador americano que evite a sua restrição definitiva no país, por motivos de segurança nacional. Durante a assinatura, ele defendeu que os EUA deveriam ter metade do TikTok.
— Acho que os EUA deveriam ter o direito de obter metade do TikTok e, parabéns, o TikTok tem um bom parceiro e isso valeria, sabe, poderia valer US$ 500 bilhões — disse Trump.
Comércio exterior
Apesar de ter ameaçado um série de tarifas a produtos estrangeiros, Trump não assinou decretos do tipo ontem. A repórteres, ele disse no Salão Oval que planeja impor taxas de 25% a produtos canadenses e mexicanos em 1º de fevereiro. Quanto à China, o republicano desviou da pergunta ressaltando que as tarifas que ele impôs no primeiro mandato ainda estão em vigor.
Energia
Favorável à uma política de exploração do petróleo, Trump assinou um decreto suspendendo a venda de arrendamentos eólicos offshore e interrompendo permissões a novos projetos do tipo nos EUA.
“As políticas energéticas do presidente Trump acabarão com o arrendamento de enormes parques eólicos que degradam nossas paisagens naturais e não atendem aos consumidores de energia americanos”, disse a Casa Branca em comunicado.
Em contrapartida, ele declaração "emergência energética nacional" e revogou as restrições impostas por Biden à novas perfurações de petróleo, voltando a permitir a exploração no Ártico e na costa americana, incluindo o uso de recursos do Alasca.