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Cautela com Trump joga Ibovespa para baixo após duas altas seguidas

Na segunda-feira, dia da posse de Trump, o giro foi de R$ 11,7 bilhões e o Ibovespa subiu 0,41%

Na segunda-feira, dia da posse de Trump, o giro foi de R$ 11,7 bilhões e o Ibovespa subiu 0,41% aos 122.855,15 pontos, depois de avançar 0,92% na sexta-feira. - Pexels

A cautela dos investidores com politicas protecionistas prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, norteia a sessão na B3 nesta terça-feira, 21, em dia de agenda esvaziada de indicadores. Em Nova York, os índices futuros de ações avançam após ontem as bolsas terem ficado fechadas por conta de feriado, o que pode elevar a liquidez hoje na B3.

Na segunda-feira, dia da posse de Trump, o giro foi de R$ 11,7 bilhões e o Ibovespa subiu 0,41% aos 122.855,15 pontos, depois de avançar 0,92% na sexta-feira.

Com o Índice Bovespa em queda, a manhã de terça-feira foi marcada pela alta do dólar e dos juros futuros. "Há uma correção em meio a essa aversão a risco. Como não tem uma sustentação doméstica, os ativos ficam reféns desse humor volátil do exterior", avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Conforme Spiess, o discurso de Trump durante a posse ontem foi mais leve no que diz respeito a tarifas. "Só depois entre assinaturas de uma série de ordens executivas é que o presidente comentou sobre a questão do México e do Canadá", diz o analista da Empiricus Research.

Ontem, Trump disse que pretende impor tarifas sobre produtos do Canadá e do México no dia 1º, com possibilidade de aplicar tarifas de 25%.

Além da cautela com as medidas que podem ser implementadas pela gestão de Trump. O recuo de quase 2,00% do petróleo tipo Brent - referência para os preços da Petrobras - pesa nas ações do setor e no Índice Bovespa.

Já a alta de 0,56% do minério de ferro hoje na China alivia um pouco este cenário ao influenciar alguns papéis do segmento, exceto Vale, que caía 0,18% por volta das 11 horas. Petrobras recuava entre 1,05% (PN) e 1,50% (ON).

A valorização do dólar nesta manhã, que respinga nos juros futuros contamina algumas ações mais sensíveis ao ciclo econômico, embora estimule elevação em papéis de empresas exportadoras na Bolsa brasileira. Usiminas PNA, por exemplo, avança 3,37%, liderando a ponta da altas, enquanto Petrobrás estavam entre as maiores perdas.

A divisa norte-americana avançava em relação ao real e outras moedas fortes e de emergentes, após ontem à noite Trump prometer impor tarifas comerciais contra o México e o Canadá em 1º de fevereiro. O republicano citou a possibilidade de aplicar tarifas de 25%. Ainda que o Brasil, por ora, não esteja na mira do presidente dos EUA, há sempre o risco.

A tendência é que os mercados passem os próximos 90 dias digerindo as diretrizes do novo governo americano, com os mercados seguindo voláteis por um bom tempo, estima Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil.

Segundo André Meirelles, diretor de Alocação da InvestSmart XP, mesmo o discurso presidencial repetindo as promessas da campanha, com a ideia de Era de Ouro, imposição de barreiras tarifárias e à imigração - medidas potencialmente inflacionárias, a equipe de Trump parece preocupada com o impacto que isso terá sobre a inflação.

Neste ambiente, Meirelles avalia que o Federal Reserve (Fed) precisará manter-se cauteloso ao tomar decisões sobre a política monetária, até entender potenciais impactos da redução na oferta de mão de obra no mercado de trabalho.

Em meio à agenda de indicadores esvaziada, os investidores monitoram o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que se reúne hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir das 15 horas. Além disso, focam no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça.

Às 11h19, o Ibovespa cedia 0,22% aos 122.570,24 pontos. Na mínima caiu 0,46%, aos 122.289,95 pontos, ante abertura aos 122 850,41 pontos, com variação zero, e máxima em 122.878,10 pontos (alta de 0,02%).