Passageiros enfrentam atrasos no horário de chegada ao trabalho durante paralisação dos ônibus
Movimentação e intensa, na Avenida Agamenon Magalhães, no Derby
A movimentação de passageiros é intensa, na Avenida Agamenon Magalhães, no Derby, centro do Recife, na manhã desta quarta-feira (22), ante à paralisação dos motoristas de ônibus, por atraso no pagamento de salário.
A maioria dos usuários que esperam por um coletivo é de trabalhadores que precisam se deslocar para o respectivo local de serviço. Eles enfrentam o atraso pela falta de opção, uma vez que os aplicativos de transporte estão com preços acima do normal.
Os impactos
A recepcionista Eliane Félix, de 46 anos, saiu do bairro de Dois Irmãos, Zona Norte do Recife, em direção ao trabalho, no Pina, Zona Sul. Ela pega às 8h, todos os dias, mas, devido à paralisação, ela se atrasou. Ainda pelas 8h40 esperava por transporte. Ela não tinha outra alternativa.
“Onde eu vim também estava com falta de ônibus. Lá só tem uma linha funcionando [em direção a Camaragibe], mas ainda está difícil. Nós sempre somos pegos de surpresa com essas paralisações”, comenta.
O garçom Ronaldo Soares, 34, também atrasado, aguardava por um ônibus que o levasse ao Pina, onde trabalha. A chegada dele ao trabalho ainda é uma incerteza.
“Eu acho que vou ter que ir num carro de aplicativo. Senão, nada feito. Eu acho que vai dar mais caro, mas é o que tem que se fazer. Os motoristas de ônibus estão certos. Erradas estão as empresas, que não querem pagar os trabalhadores. Agora, como é que nós vamos chegar na empresa? Às vezes, o patrão não quer entender”, frisa ele.
A professora Roberta Martins esperou tanto por um ônibus que, para se proteger do sol, prudentemente, usou um chapéu para evitar se expôr ao clima quente. Ela já é acostumada com os atrasos do transporte público.
“Demora mais que o habitual. Pegou a população de surpresa, e fica difícil, embora a gente saiba a luta deles. É um problema que afeta quem oferece o serviço e quem desfruta dele”, opinou.
A espera do manobrista Geraldo Freire, de 61 anos, que saiu de Paulista, na Região a Metropolitana do Recife, foi tão grande que ele decidiu se sentar próximo ao painel de proteção da parada de ônibus. Indignado, ele fez críticas ao sistema rodoviário.
“O trabalhador precisa chegar ao destino e não tem nada de ônibus chegando. Os políticos não andam de ônibus. Eles não usam nada daquilo que dizem que está bom. Assim é bom demais. Os rodoviários ganham muito mal, não têm plano de saúde e ainda enfrentam as dificuldades do dia a dia, e a gente ainda tem que ter calma para chegar ao trabalho”, destacou ele.
Empresas
Foram paralisadas, até agora, as garagens das principais empresas da Região Metropolitana do Recife.
Borborema;
Metropolitana;
Caxangá (duas);
São Judas Tadeu;
Pedrosa;
Globo (três).
Com a palavra, o Grande Recife Consórcio de Transporte
O Grande Recife Consórcio Metropolitano disse, em nota, que “comunicou no dia de ontem [terça-feira, 21] ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE) a autorização do repasse dos subsídios às permissionárias.
O que diz a Urbana-PE
Já a Urbana-PE, que gere as empresas de ônibus, disse, por meio de nota, que, em razão do atraso do repasse dos subsídios pelo Governo do Estado, que deveria ter ocorrido no último dia 20/01, as empresas permissionárias do transporte coletivo foram obrigadas a postergar, de forma excepcional, o calendário de adiantamento salarial para os seus colaboradores, comumente pago no 20º dia de cada mês.
“Essa medida foi previamente comunicada ao órgão gestor, aos colaboradores das empresas e ao Sindicato dos Rodoviários, respeitando as disposições da convenção coletiva da categoria. Considerando a confirmação do Governo do Estado que o crédito referente ao subsídio será realizado nesta quarta-feira (22), as empresas operadoras realizarão o pagamento da antecipação salarial hoje até o meio-dia. A Urbana-PE informa ainda que não medirá esforços para normalizar a operação e garantir a oferta de um serviço essencial à sociedade”, conclui a empresa.