EUA

Saiba quem é quem na dinastia Trump e seus papéis no 2º governo

Filhos, noras e genros atuam como conselheiros, influenciadores e exportadores da política do magnata; alguns atuam nas sombras, enquanto outros, diretamente sob os holofotes

Presidente dos EUA, Donald Trump, comemora com a família após ser empossado em sua posse na Rotunda do Capitólio dos EUA em 20 de janeiro de 2025 em Washington, DC - POOL / AFP

Com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, a Presidência dos EUA volta a ter contornos de um negócio de família. Desde seu primeiro governo (2017-2021), passando por sua reconstrução de volta ao jogo político, até a posse, o magnata nunca escondeu o papel e influência de seus filhos, genros e noras em sua carreira política.

Ao tomar posse na segunda-feira, Trump traz de volta seu círculo mais íntimo e de confiança, alguns sob os holofotes, outros atuando na sombra.

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— Há momentos em que as únicas pessoas em que você pode confiar são as de sua família — disse sua nora Lara Trump durante entrevista ao Washington Post em julho passado. — E para o meu sogro, tristemente, isso tem sido quase uma regra.

Conheça um pouco sobre a dinastia Trump:

Donald Trump Jr.
Filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr., de 46 anos, fez campanha para o pai em todas as três corridas eleitorais nas quais foi candidato. Foi peça importante na escolha de J.D. Vance, então senador de Ohio, para o cargo de vice-presidente, apontado por muitos como um potencial sucessor de Trump.

Durante a convenção, o primogênito elogiou a indicação do amigo como “ótima” e "incrível".

Presidente honorário da transição de Trump, partiu também dele a pressão pelos nomes da ex-deputada democrata Tulsi Gabbard e Robert F. Kennedy Jr., indicados para comandar a Inteligência Nacional (DNI, na sigla em inglês) e o Departamento de Saúde, respectivamente, segundo a imprensa americana.

Segundo reportagem da Associated Press de novembro, o filho mais velho do magnata disse não ter planos de se juntar ao governo da mesma forma que a irmã Ivanka fez durante seu primeiro mandato, optando por trabalhar para fortalecer a próxima geração do partido, dobrado à vontade do pai.

Em seus primeiros sinais sobre como ser comportará nos próximos quatro anos, Don. Jr viajou recentemente para a Groenlândia, ilha valiosa por seus minerais e reservas petrolíferas, e alvo dos desejos expansionistas de Trump, antes do pai tomar posse. A visita não foi oficial.

Donald Jr. foi descrito pela AP como "fluente no mundo online da política conservadores" e "em sintonia com questões culturais que cativam os fiéis do MAGA", anagrama para Make America Great Again, com apelo aos mais jovens.

Ivanka Trump e Jared Kushner
Durante o primeiro mandato de Trump, Ivanka, de 43 anos, foi conselheira da Casa Branca ao lado do marido, Jared Kushner, com a rede britânica BBC chegando a descrevê-los como "os membros da família mais influentes" no primeiro governo do republicano.

Formada pela Wharton, a filha mais velha do magnata atuou como vice-presidente executiva na Trump Organization até janeiro de 2017. Ao longo do primeiro mandato do pai, fez diversas aparições em nome de Trump e do governo. Mas agora pretende diminuir ou até encerrar sua atuação.

Passados oito anos desde que o pai assumiu a Presidência pela primeira vez, e com os filhos mais velhos — Arabella, de 13 anos, Joseph, de 11, e Theodore, de 8 —, Ivanka disse não ter pretensões de voltar a Washington.

O afastamento da política começou ainda em 2020, quando Trump foi derrotado por Joe Biden, e se consolidou ao longo da última candidatura do pai.

Ivanka não esteve presente durante o julgamento do republicano em Manhattan, no qual foi condenado por fraude fiscal ao subornar uma ex-atriz pornô, e não discursou na Convenção Nacional Republicana, diferentemente das duas últimas das quais o pai participou.

Em uma entrevista ao jornal The New York Times em outubro, na qual pediu ao marido que falasse por ela, disse que embora ame e apoie o pai, daqui pra frente fará isso "fora da arena política".

— A principal razão pela qual não vou voltar a servir agora é que sei o custo, e é um preço que não estou disposta a fazer meus filhos pagarem — justificou a um podcast, citado pela BBC, em janeiro.

Ainda não está claro qual será o papel de Jared, que foi consultor sênior do sogro durante seu primeiro mandato. O genro de Trump administra um fundo de capital privado de US$ 3 bilhões financiado pelos governos da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, bem como por Terry Gou, o bilionário taiwanês e fundador da Foxconn, maior fabricante terceirizada de eletrônicos do mundo.

Seu pai, Charles Kushner, foi nomeado embaixador dos EUA na França.

Críticos do casal afirmam que, mesmo longe da vida pública, o casal continuará se beneficiando dos ganhos políticos do presidente e participando nos bastidores, com Jared aconselhando Trump em sua política no Oriente Médio, entre outros aspectos, segundo uma fonte anônima à Reuters.

Vicky Ward, autora do livro “Kushner Inc.” (2019) disse que Jared pode atuar como uma espécie de “secretário de Estado sombra” ou “Kissinger 2.0”.

Eric e Lara Trump
Terceiro filho de Trump, Eric, de 41 anos, também foi membro honorário durante a transição de governo e um conselheiro próximo do pai. É uma figura menos pública do que seu irmão mais velho, Donald Jr., embora mantenha a liderança nos negócios da família.

É vice-presidente da Trump Organization, tendo sido descrito pelo jornal Wall Street Journal como "guardião do império empresarial da família".

Em entrevista ao jornal americano dias antes das eleições, Eric deu sinais de seus desejos em expandir os negócios do pai e se autodenominou como o "cara mais confiável" de Trump, o que justificava seu papel na empresa da família.

Lançou ao lado do irmão em setembro, uma plataforma de cripto chamada World Liberty Financial.

Mas a joia da coroa dentro do jogo político é sua esposa, Lara, de 42 anos. Ex-produtora de TV e modelo, Lara ajudou na campanha de Trump em 2016, mas se transformou em uma figura central na política do magnata a partir de 2020.

O republicano percebeu, nos comícios da campanha, que era ela quem, na família, entendia melhor a ambição do movimento que criou.

Lara se tornou comentarista da Fox News, contratação que acenava uma trégua entre Trump e a rede, para a qual ele se voltou de maneira contrária após as eleições de 2020, e uma oportunidade para começar a trilhar sua própria vida política.

É fã da mentira sobre a fraude que lhe teria custado as eleições de 2020 quando foi derrotado por Biden. E conta que, em 6 de janeiro de 2021, o que jamais esquecerá será a lembrança dos "patriotas" que, “antes de protestarem”, celebraram o aniversário de seu marido em coro com um "parabéns"."

A nora de Trump assumiu como copresidente do Comitê Nacional Republicano (RNC) ano passado, tendo liderado um aumento na arrecadação de fundos. Renunciou ao cargo em dezembro, em meio às especulações sobre uma possível substituição da vaga em aberto do senador da Flórida Marco Rubio, aprovado recentemente como novo secretário de Estado, mas recuou. Segundo a BBC, Lara prometeu fazer um grande anúncio ainda este mês, sem dar mais detalhes.

Tiffany Trump
É a única filha do relacionamento de Trump com a atriz Maria Maples. É filiada ao partido, mas não tem papel político na vida do pai. O que não quer dizer que não faça aparições em eventos do pai: em sua primeira campanha presidencial, em 2016, Tiffany participou de diversos eventos e fez discursos.

Seu envolvimento na campanha de 2020 foi mais tímido, embora tenha discursado na Convenção do partido naquele ano. Apesar de não ter discursado na convenção de 2024, esteve presente com os irmãos na plateia.

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Às vésperas das eleições em novembro, falou rapidamente no último comício do pai, limitando-se a pedir aos sues apoiadores que votassem (o voto não é obrigatório nos EUA).

— Meu pai está aqui, lutando por vocês. Ele nunca irá decepcioná-los — disse à multidão.

Seu sogro, Massad Boulos, foi indicado por Trump para atuar como conselheiro sênior para assuntos árabes e do Oriente Médio.

Barron Trump
Caçula de Trump, filho de Melania, Barron, de 18 anos, esteve presente durante a aparição do presidente para cumprimentar apoiadores após a posse. No início do primeiro mandato, ele morou com a mãe na cobertura da família na Trump Tower, informou a rede NBC News. Na época, ainda estava na quinta série.

Agora, Barron é calouro de administração na Universidade de Nova York. Apesar de ter ficado fora dos holofotes na corrida eleitoral, a rede destacou que seus pais e funcionários da campanha de Trump o creditam por recomendar podcasts populares nos quais o pai fez participação. O magnata também dá ao filho o crédito por conhecer pessoas das quais nunca ouviu falar.

— Ele foi muito bom. É a nova onda. E ele foi muito prestativo — disse Trump à NBC News em entrevista por telefone no sábado.