Vice-presidente iraniano afirma que atual governo não aplica código de vestimenta de maneira rigoros
Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a cobrir o cabelo em lugares públicos no Irã
O vice-presidente iraniano, Mohammad Javad Zarif, afirmou, nesta quarta-feira (22), que o atual governo decidiu não aplicar o código de vestimenta do país de maneira rigorosa, para "não pressionar as mulheres".
Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a cobrir o cabelo em lugares públicos no Irã.
Porém, "se andarem pelas ruas de Teerã, verão mulheres que não cobrem o cabelo", afirmou Zarif durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece ao longo desta semana na Suíça.
"Vai contra a lei, mas o governo decidiu não pressionar as mulheres", garantiu o ministro.
Zarif explicou que o presidente iraniano, Masud Pezeshkian, não "aplica a lei com o consentimento do chefe do Parlamento, do chefe do Poder Judiciário e de outros membros do Conselho Nacional de Segurança".
Em setembro de 2023, o Parlamento iraniano aprovou um projeto de lei que endurecia as sanções contra as mulheres que não usam o véu obrigatório em locais públicos.
A norma buscava aumentar as penalidades para qualquer pessoa processada por violar o código de vestimenta, com sanções financeiras, multas e proibição de sair do país.
Pezeshkian, que deveria assinar o texto, expressou, no entanto, suas "reservas".
A porta-voz do governo, Fatemeh Mohajerani, declarou no início de janeiro que a aprovação da lei foi adiada devido a algumas cláusulas que "poderiam ter graves consequências sociais".
O Irã foi palco, no final de 2022, de grandes protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, uma curda iraniana que tinha 22 anos.
A jovem morreu em 16 de setembro daquele ano enquanto estava sob custódia policial, após ter sido presa por supostamente infringir o código de vestimenta iraniano.