''Conclave'', candidato ao Oscar 2025, traz trama repleta de conspirações; leia a crítica do filme
Filme protagonizado por Ralph Fiennes estreia nesta quinta-feira (23)
O conclave é uma das reuniões mais secretas da Igreja Católica, responsável por reunir o Colégio dos Cardeais, no Vaticano, Itália, com o intuito de eleger um novo pontífice, após a morte ou a renúncia de um papa. Na trama de "Conclave", que estreia nesta quinta-feira (23) nos cinemas brasileiros, a morte do Santo Padre instaura uma série de conspirações e dúvidas sobre a iminente votação.
Conspiração
Em meio aos rumores de quem será o novo líder mundial da Igreja Católica, acompanhamos Lawrence, interpretado por Ralph Fiennes, conhecido também como Cardeal Lomeli. O nosso protagonista foi escolhido para conduzir o conclave, conforme o último desejo do papa antes de falecer.
Ciente de que a sua descrença na instituição católica não era de desconhecimento do antigo Santo Padre, o personagem não entende, a princípio, o motivo de ter sido escolhido para a executar a privada reunião. No entanto, a chegada dos cardeais para o conclave provoca tensão a partir de uma sucessão de complôs, trazendo à tona segredos, inclusive, sobre a noite em que o pontífice morreu.
Partindo da premissa de que esse processo sigiloso não é tangível ao público, o filme atrai o espectador pela sua curiosidade no conclave, mas também por conseguir deter a tensão até o último minuto. A imersão é realista ao ponto de você questionar se "Conclave" é baseado em fatos reais. Porém, não é o caso.
Imersão
O filme dirigido por Edward Berger é uma adaptação do romance homônimo do autor britânico Robert Harris, escrito em 2016, com base em uma investigação minuciosa feita pelo escritor. O retrato fidedigno realizado pelo inglês impressiona também no momento em que o cineasta decide transportar com rigor essa trama repleta de intriga e mistério para o cinema.
O último trabalho do diretor suíço, nascido em Wolfsburg, na Alemanha, foi o longa-metragem "Nada de Novo no Front" (2022), vencedor de quatro estatuetas no Oscar 2023, incluindo a de Melhor Filme Internacional. Na sua obra anterior, apesar de não ter à disposição um roteiro surpreendente, Berger demonstrou competência em realizar uma reconstrução histórica.
Em ''Conclave'' não foi diferente. Berger é minucioso ao revelar particularidades do secreto processo, mas também detém de um ótimo trabalho da direção de arte, que materializa o roteiro assinado por Peter Straughan, com base na obra de Robert Harris.
O espectador está acostumado a acompanhar o conclave do lado de fora esperando a fumaça escura, que representa insuficiência de votos para definir o novo papa pelos cardeais, ou a fumaça clara, indicando a escolha de um sucessor. Para auxiliar a imersão nesse cenário, a fotografia, o design de som e o figurino foram fundamentais para o longa, que foi gravado em Roma, na Itália.
Além disso, o diretor desfruta do talento do seu elenco. Ralph Fiennes, Stanley Tucci, Sergio Castellitto e Isabella Rossellini são responsáveis por roubar a cena durante o filme.
Premiação
"Conclave" é um dos favoritos a frequentar a lista de premiações cinematográficas da temporada. Este ano, a obra venceu o Globo de Ouro, na categoria de Melhor Roteiro de Filme, e foi a produção com mais indicações ao Bafta, 12 ao todo. Aliás, o longa-metragem também deve figurar entre os mais indicados ao Oscar 2025.
O reconhecimento faz jus a qualidade de "Conclave" e a urgência da sua discussão sobre a polarização mundial e o papel da Igreja Católica nesse cenário. O aumento de conflitos e divergências também acontece dentro da instituição, que vem perdendo espaço para outras religiões e doutrinas. "Conclave" de Edward Berger acerta em desconfiar da certeza e em abraçar a dúvida, pois esta anda de mãos dadas com a fé.