Educação: especialistas debatem restrição dos aparelhos eletrônicos no ambiente escolar
Na primeira quinzena de janeiro, Presidente Lula sancionou lei que visa equilibrar o uso de tecnologias digitais na educação básica
A educação brasileira será marcada por uma importante medida, que já vinha sendo adotada em alguns lugares, mas que agora tem a regulamentação do Governo Federal. Trata-se da Lei nº 15.100/2025, que visa restringir o uso de celulares no ambiente escolar, propondo um ambiente escolar mais saudável e equilibrado.
Nas próximas semanas, escolas públicas e particulares de Pernambuco darão início no ano letivo de 2025. Dentro desse cenário, em entrevista à Folha de Pernambuco, abordaram a importância dessa medida de controle sobre o uso de aparelhos eletrônicos nos colégios, bem como os casos que precisam ser exceções.
O debate sobre a utilização de celulares nas escolas não é uma pauta nova. Há anos, colégios tentam controlar o uso de aparelhos eletrônicos que poderiam interferir no processo de aprendizagem.
Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (SINEPE-PE), José Ricardo Diniz tratou da importância do momento e do peso contribuição da medida nacionalmente.
“Essa questão da restrição da utilização dos aparelhos eletrônicos dentro do ambiente escolar era algo que já havia sido contemplado na legislação municipal do Recife. Já tínhamos algumas escolas que utilizavam essa restrição. Quando saiu a implementação da lei federal, algumas escolas já estavam trabalhando isso com seu quadro de professores, funcionários e comunidade escolar”, comentou.
Mas para José Ricardo Diniz, outro ponto importante da lei foi o de dar liberdade para as unidades de educação agir bem como fosse necessário para seu contexto.
“A lei veio com um ponto muito importante, que foi de não tirar a autonomia das escolas de fazer a autorregulamentação dentro do seu espaço, já que cada colégio tem sua comunidade, proposta pedagógica e gestão”, refletiu.
Resultados
Um exemplo de escola que já adotava restrições para o uso de aparelhos eletrônicos no ambiente escolar, seja nos momentos de aula, ou até mesmo no intervalo, é o Colégio Madre de Deus. Diretora pedagógica da instituição, Socorro Oliveira, relatou as conquistas alcançadas com a medida.
“Os estudantes precisam ter um ambiente onde eles possam interagir, experimentar a socialização, estar com o outro e a gente percebia que o celular inibia essa interação. A partir disso, os alunos passaram a ter um ambiente mais saudável, no sentido de conversar mais com o colega e isso só foi possível quando suspendemos o uso do celular” iniciou.
“Quando era permitido, muitas vezes, eles conversavam pelo WhatsApp, mesmo no mesmo ambiente. Com a proibição, tivemos uma interação muito mais eficaz”, concluiu a pedagoga.
Recurso
Contudo, o avanço tecnológico não para e essas ferramentas também são enxergadas com bons olhos pelos educadores, desde que dentro de um planejamento. As exceções existem e devem ser levadas em consideração por todas as unidades de ensino.
O psicólogo clínico Marcos Júlio salientou que, por mais que sejam comprovados alguns malefícios dos usos de telas, as mesmas não devem ser enxergadas como vilãs.
“A gente não tem como fugir da disponibilidade tecnológica. Não podemos tomar o uso de telas como algo negativo. As crianças estão com esse contato cada vez mais cedo. A questão principal é de entender a partir de qual idade os pequenos vão começar a ser expostos, que tipo de conteúdo vai ser oferecido e que a tela precisa ser uma das possibilidades de entretenimento e não a única”.
Por sua vez, a Professora da rede municipal do Recife e especialista em Psicopedagogia e Educação Inclusiva, Luciana Fernandez, comentou a importância das mesmas em um planejamento pedagógico, principalmente, para alunos com necessidades especiais.
“O uso das telas é imprescindível como tecnologia assistiva, um recurso pedagógico para potencializar, viabilizar e facilitar a aprendizagem e comunicação na perspectiva da educação inclusiva do estudante com deficiência ou transtorno global de desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”, destacou.