"Doutores da Alegria" abrem cortejo do bloco "Miolinho Mole", no Imip, com a La Ursa
As crianças internadas no prédio da Oncologia Pediátrica, além de suas famílias e dos profissionais de saúde, se divertiram com a folia trazida ao hospital pelos palhaços na manhã da segunda-feira (24)

O besteirologista Dr. Eu_Zébio ganhou uma missão muito especial neste Carnaval: o palhaço é a La Ursa do bloco Miolinho Mole, dos Doutores da Alegria. O primeiro cortejo do bloco, que comemora 18 anos, foi na manhã desta segunda-feira (25), no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), bairro dos Coelhos, centro do Recife.
As crianças internadas no prédio da Oncologia Pediátrica, além de suas famílias e dos profissionais de saúde, se divertiram com a folia trazida ao hospital pelos palhaços. A música foi feita ao vivo e o repertório contou com composições próprias e paródias de canções famosas do nosso Carnaval.
Desde novembro, Ester Maysa, de 10 anos, faz tratamento para leucemia. “Não sei expressar a alegria de ver ela assim! Olha a carinha dela de alegria! É tão maravilhoso ver que ela está brincando. Ela estava na UTI, ficou tanto tempo em coma, e agora ela está sorrindo”, contou, emocionada a mãe de Ester, Rosa Maria.
De tudo o que viu, Ester diz que o que mais gostou foi da dança dos palhaços. Ela se referia à “Dança da Ambulância”, que faz todo mundo girar e brincar nos corredores do hospital. Nas semanas normais, sem comemorações de Carnaval, Ester é atendida por Dra. Baju (Juliana de Almeida) e Dra. Muskyta (Olga Ferrario). “Você sabia que Dra. Baju e Dra. Muskyta têm calçolas de bolinha iguais às calcinhas da minha avó?”, pergunta a menina rindo.
O elenco pernambucano dos Doutores da Alegria visita alas pediátricas de cinco hospitais públicos do Recife, o ano inteiro. No carnaval, os palhaços se reúnem para uma visita especial com o bloco Miolinho Mole.
“A nossa ideia é que as crianças que estão internadas, enfrentando doenças que pedem tratamentos longos, também possam brincar o carnaval, essa festa que é tão importante para todos os pernambucanos”, diz Arilson Lopes, coordenador artístico da unidade Recife dos Doutores da Alegria.
Participam do cortejo do Miolinho Mole, além de Dr. Eu_Zébio (Fábio Caio), Dra. Baju (Juliana de Almeida) e Dra. Muskyta (Olga Ferraria), Dr. Micolinho (Marcelino Dias), Dra. MonaLisa (Greyce Braga), Dra. Nana (Ana Flávia), Dr. Wago Ninguém (Wagner Montenegro), Dr. Dud Grud (Eduardo Filho) e Dr. Gonda (Tiago Gondim).
Nesta terça-feira (25), o bloco Miolinho Mole chega ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e ao Procape, em Santo Amaro; na quarta-feira (26), o frevo será no Hospital da Restauração (HR), no Derby; e, na quinta-feira, 27, o bloco encerra a folia no Hospital Barão de Lucena (HBL), na Iputinga. Nesta terça, o cortejo começa às 9h; na quarta e na quinta-feira, às 9h30.
Programação do bloco Miolinho Mole:
25/2, terça-feira, às 9h, no Hospital Universitário Oswaldo Cruz e no Procape
26/2, quarta-feira, às 9h30, no Hospital da Restauração
27/2, quinta-feira às 9h30, no Hospital Barão de Lucena
Doações
O bloco Miolinho Mole reforça a campanha por doações contínuas realizada por Doutores da Alegria. Em 2024, a associação passou pela maior crise financeira em mais de três décadas: houve uma queda de 70% na arrecadação dos recursos.
Em determinado momento, entre os meses de outubro e novembro, as visitas dos palhaços aos hospitais precisaram ser suspensas. Foi realizada uma redução orçamentária em todas as atividades e recursos humanos da associação, para que o trabalho pudesse continuar em 2025.
Neste ano, as visitas foram retomadas integralmente, duas vezes por semana, em cada um dos cinco hospitais assistidos por Doutores da Alegria na capital pernambucana. No entanto, os recursos captados ainda não são suficientes para garantir a continuidade das ações, como as intervenções nos hospitais no segundo semestre e o Curso livre de Palhaçarias para Jovens, voltado para jovens em situação de vulnerabilidade social. Está prevista a inclusão de um novo hospital público na agenda de intervenções dos palhaços no Recife, que também vai depender da entrada de recursos.
O trabalho de Doutores da Alegria não é voluntário. Os hospitais não pagam nada para receber as intervenções, mas os palhaços são profissionais remunerados, especializados na linguagem da palhaçaria. Há ainda uma equipe administrativa e de produção necessárias à manutenção da organização.
“Fazemos um apelo às empresas pernambucanas e à sociedade civil, àqueles que enxergam a importância do nosso trabalho junto às crianças hospitalizadas, às famílias, aos profissionais de saúde. Estamos o ano inteiro nos hospitais e não queremos sair. As crianças precisam da presença dos palhaços no ambiente hospitalar. Queremos ajuda para que não tenhamos mais nenhuma paralisação das nossas ações”, pede Arilson Lopes.
As doações podem ser feitas por meio do site www.doar.doutoresdaalegria.org.br.