Gastronomia

Gastronomia: saiba qual o novo perfil dos frequentadores de bares e restaurantes

Profissionais de gastronomia opinam sobre as novas demandas criadas no mercado

Escolha do estabelecimento passa pela tríade do ambiente, do atendimento e da comida - Foto: Freepik

Há tempos que a palavra consumidor deixou de ser algo restrito à aquisição de mercadorias. Hoje, o termo anda complexo e mobiliza estudos sobre o que vem a ser esse indivíduo que gasta seu tempo e dinheiro em determinada compra.

Se esse investimento for, então, para sentar tranquilo em um bar ou restaurante, o cliente de agora se mostra mais exigente, seletivo e com novas expectativas que mobilizam o mercado.

Quem trabalha com gastronomia é unânime ao afirmar que a conjuntura social, política e econômica direciona os interesses. Na prática, a grana anda mais curta e o tempo mais apertado.

As referências e os conteúdos gastrôs se ampliaram e formaram um terreno diferente de cinco anos atrás, quando a pandemia instalava novas necessidades de consumo.

Transformações
O chef Duca Lapenda faz uma análise ampla. Ele passou quase uma década sem o emblemático Pomodoro Caffè, na Capitão Rebelinho, em Boa Viagem, e, ao reabrir a casa há dois anos, percebeu mudanças significativas.

“Meu público, claro, amadureceu. O pai virou avô. Avô virou bisavô. Filho virou pai. As referências da época continuaram. Mas também precisei revisitar pratos campeões, seja na apresentação ou na forma de conduzir”, detalha.

Os hábitos mudaram ao longo do tempo. “O cliente que ficava no salão até duas, três horas da manhã, agora vai até 22 horas. Ele chega mais cedo, mas também vai embora mais cedo”, completa, analisando que, nesse formato, os restaurantes tendem a girar menos mesas ao longo do dia.

Com o Pomodoro revisitado, Duca também ficou atento às novas demandas estruturais, que passam pela estética do salão, climatização e até enxoval.

Mercado
Eduardo Andrade, gestor do Tio Pepe, em Boa Viagem, também reforça a necessidade de acompanhar as mudanças.

A marca existe há seis décadas na Zona Sul do Recife. Tempo para entender como fidelizar e atrair as novas gerações.

“Na época em que foi fundado, éramos voltados para frutos do mar. Depois se aprimorou e, no atual endereço, onde estamos há 40 anos, nesses últimos dez, demos uma variada no cardápio, porque os gostos mudam”, diz, reforçando que a carne de sol continua sendo carro-chefe, mas no mesmo menu com novidades. 

Ainda segundo Eduardo, o consumidor de hoje analisa o ambiente, a qualidade da comida e a fama do restaurante onde vai comer.

Nesse ponto, o gestor destaca que o Tio Pepe oferece bom custo-benefício e que o lugar encanta na decoração e no serviço. Resultado de investimentos como o de R$ 250 mil em equipamentos, aplicados nos últimos dois anos. 

No mesmo pensamento está o empresário Eduardo Freyre, dos restaurantes Voar, Arvo e Omar. Administrador nato, ele endossa que o público mudou, tornando-se mais seletivo.

“Hoje, o cliente busca não apenas comida boa, mas também uma experiência completa, com ambiente agradável, atendimento diferenciado e preços justos”.

 
 
 
 
 
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Segundo ele, para atender novas demandas, o grupo investe na qualidade dos ingredientes, no aprimoramento da experiência e na inovação. “Seja na criação de menus estratégicos, seja no fortalecimento da presença digital”, conclui. 

Futuro
É investir para alcançar o famoso “melhor atender”. Em entrevista para o Podcast Foodness Talks, Andrea Janér, CEO da Oxygen, empresa voltada para curadora de inovação e negócios, alguns comportamentos já devem entrar no radar dos estabelecimentos.

“É provável que estejamos entrando em uma nova era em que a gente vai ter um olhar mais crítico para a nossa relação com as telas, e isso vai impactar tudo, inclusive, restaurantes e bares”, soltou, ao prever que a diminuição de uso de celular demandará alternativas para o cardápio em QR Code e até criação de atividades que interessem a jovens e crianças mais offlines.

"Voltar a ter o parquinho, voltar a ter o desenho na mesa...", arremata.