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Embrapa NE cria protetor solar que protege frutas do calor

O Sombryt BR foi desenvolvido para aumentar a produtividade em sistemas de cultivo orgânico e convencionais

Embrapa NE cria protetor solar que protege frutas do calor
Embrapa NE cria protetor solar que protege frutas do calor - Divulgação
 

Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Nordeste (Embrapa NE), em parceria com a indústria de biofertilizantes Litho Plant, desenvolveram o Sombryt BR, um protetor solar para plantas que diminui a queima de folhas e frutos, aumentando a resiliência e a adaptação das culturas às mudanças climáticas.

Testado em culturas como abacaxi, banana, citros, mamão, manga e maracujá, o produto demonstrou alta eficiência na redução de danos físicos e no aumento da produtividade. 

Prestes a ser lançado comercialmente, o Sombryt BR é classificado como fertilizante mineral simples à base de carbonato de cálcio. Foi projetado para ser aplicado diretamente nas folhas e frutos, adaptando-se tanto aos sistemas de cultivo orgânico quanto aos convencionais.

Em testes realizados em todo o País, o protetor reduziu até 20% dos danos físicos aos frutos. No caso dos citros, por exemplo, registrou-se também aumento médio de 12% da produtividade de laranjeiras Pera, sob diferentes condições de irrigação.

Esse resultado foi publicado em artigo na Revista Brasileira de Fruticultura.  

Eficiência
“O produto melhora o balanço energético da planta, tornando-a mais eficiente no uso de água e na realização de trocas gasosas, o que resulta em maior resiliência e produtividade”, explica Mauricio Coelho, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador dos experimentos. 

O trabalho com citros em Rio Real embasou a tese de doutorado do engenheiro-agrônomo Valbério dos Santos, defendida na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ao longo de três colheitas, houve a combinação do protetor solar com três tratamentos de manejo de água: irrigação plena, irrigação com déficit moderado e ausência de irrigação. 

Santos, que realizou os experimentos com 175 plantas no Sítio Nova Esperança, propriedade particular, conta que o pico de floração do pomar acontece em setembro, quando a temperatura começa a se elevar, período também em que as chuvas diminuem. 

“Os frutos estão novos, ainda muito pequenos, e já se inicia a estação seca. Daí temos muito aborto de fruto e, no fim, há queda na produção. Resolvemos testar o protetor, e foi bem interessante o resultado, principalmente na condição de sequeiro, chegando a 17% o aumento de produtividade, apesar de o produto ter influenciado nos três tratamentos.”  

Proteção
Maurício Coelho destaca que a aplicação do protetor tem dois focos. O primeiro é o aumento da resiliência da planta. “Melhorando o balanço energético, mitigamos os efeitos deletérios dos estresses abióticos nos processos bioquímicos. O objetivo é melhorar as trocas gasosas, a eficiência do uso de água e reduzir os danos fisiológicos, com maior eficiência fotossintética. A planta se torna mais resiliente e, por consequência, mais produtiva.”

O outro foco é a prevenção do dano físico nas folhas e nos frutos, causado pela alta irradiância em regiões de temperaturas elevadas.  

Aplicação  
De acordo com o engenheiro-agrônomo Luciano Rastoldo, diretor da Litho Plant, empresa nacional localizada em Linhares (ES), o processo de produção industrial está pronto para atender às demandas do mercado brasileiro, com capacidade inicial de produção de 100 mil litros por ano.

O público-alvo são pequenos, médios e grandes produtores, sem restrições para aplicação nos cultivos em ambientes protegidos.  

O protetor solar é aplicado via pulverização nos pomares, apenas diluindo-se com água, sem nenhum aditivo auxiliar. Essa formulação aumenta a reflexão de luz para mitigar efeitos térmicos no dossel vegetativo de fruteiras.

As aplicações podem ser feitas por meio de pulverizadores costais, atrelados a máquinas agrícolas ou a veículos aéreos (aviões ou drones). Em termos de custo, Rastoldo explica que o valor médio do litro do Sombryt BR deve variar de R$ 80 a R$ 100, e a dose por aplicação fica em torno de 300 ml a 1,5 l por hectare.