Israel presta última homenagem a Peres antes do funeral

Milhares de israelenses de todas as idades e origens sociais caminharam diante do caixão de Peres, que estava coberto com a bandeira de Israel

Ópera na Tela: Sansão e Dalila - Divulgação

O ex-presidente americano Bill Clinton se inclinou nesta quinta-feira (29) diante do caixão de Shimon Peres na Esplanada da Knesset (Parlamento), em Jerusalén, unindo-se aos milhares de israelenses que presta a última homenagem ao prêmio Nobel da Paz, falecido aos 93 anos na quarta-feira.

Clinton assistirá na sexta-feira (30), ao lado de dezenas de líderes mundiais, incluindo o presidente palestino Mahmud Abbas, ao funeral de Peres, que será sepultado com honras de Estado no cemitério do monte Herzl.

As principais autoridades israelenses - o presidente Reuven Rivlin, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente do Parlamento, Yuli Edelstein, e o líder opositor Isaac Herzog - iniciaram a homenagem popular em uma cerimônia sem discursos, durante a qual depositaram coroas de flores ao redor do caixão.

Em meio a um impressionante dispositivo de segurança, milhares de israelenses de todas as idades e origens sociais caminharam diante do caixão de Peres, que estava coberto com a bandeira de Israel.

"O importante é que meus filhos compreendam e respeitem o que este homem fez, seus valores, seu amor por Israel", afirmou, sem conter as lágrimas, à AFP Marielle Halimi, que esperou por uma hora com os três filhos para se aproximar do caixão.

O governo mobilizou 7.000 policiais em Jerusalém, que deve receber nas próximas horas dezenas de líderes mundiais, entre eles o presidente americano Barack Obama.

Israel não vivia um acontecimento desta magnitude desde o funeral em 1995 de Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro assassinado por um extremista judeu e que havia recebido ao lado de Peres e do líder palestino Yasser Arafat o prêmio Nobel da Paz em 1994 pelos Acordos de Paz de Oslo.

Na sexta-feira, o monte Herzl, onde Shimon Peres será enterrado, e grande parte de Jerusalém permanecerão isolados do mundo.

As cerimônias fúnebres coincidem com o início do recesso das grandes festas judaicas e as autoridades israelenses temem uma retomada da violência palestina.

Peres faleceu na quarta-feira, aos 93 anos, no hospital em que estava internado por um acidente vascular cerebral sofrido no dia 13, data de aniversário dos Acordos de Paz de Oslo.

Ele era o último sobrevivente da geração dos pais fundadores do Estado de Israel.

Homenagens ao redor do mundo

O anúncio da morte provocou uma série de homenagens em todo o mundo, com menções à visão, coragem e tenacidade de um homem que vários líderes mundiais chamavam de "amigo".

Os presidentes dos Estados Unidos, França e Alemanha, o ex-presidente americano Bill Clinton, o rei da Espanha Felipe VI, o príncipe Charles da Inglaterra e dezenas de personalidades comparecerão na sexta-feira à cerimônia fúnebre.

O papa Francisco lamentou a morte de Peres e pediu que sua "herança" seja respeitada, em um momento difícil para o conflito israelense-palestino.

Obama ordenou que as bandeiras da Casa Branca e de todos os prédios oficiais e militares nos Estados Unidos e no exterior permaneçam a meio mastro até sexta-feira.

Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um "sábio" da nação.

Peres, que entrou para a política aos 25 anos graças ao fundador de Israel, David Ben Gurion, foi um dos arquitetos do programa nuclear de Israel, país considerado a única potência atômica militar do Oriente Médio.

Primeiro-ministro em duas oportunidades, de 1984 a 1986 e em 1995-1996, presidente de 2007 a 2014, Peres ocupou durante mais de meio século de vida pública diversos cargos e foi ministro das Relações Exteriores, Defesa, Informação, Transportes e Integração.

Apesar dos acordos de Oslo e das negociações de paz, os palestinos têm uma visão muito mais turva do homem que aprovou as primeiras colônias judaicas na Cisjordânia e ainda era primeiro-ministro quando a aviação israelense bombardeou o povoado libanês de Cana, matando 106 civis em abril de 1996.

O corpo de Shimon Peres será sepultado no cemitério do monte Herzl, onde estão enterradas as grandes figuras de Israel, como Yitzhak Rabin.