Obra do flautista Esteban Eitler é resgatada em disco

Projeto 'Conexões Latinas - Revivendo Esteban Eitler' é liderado pelo instrumentista pernambucano James Strauss e a Camerata Simón Bolívar

James Strauss, músico - Divulgação

Após 57 anos da sua morte, Esteban Eitler terá seu primeiro CD lançado. Um dos maiores flautistas, compositores e poetas do início do século 20, sua obra é recuperada agora, a partir do projeto Conexões Latinas - Revivendo Esteban Eitler.

O pernambucano James Strauss, instrumentista, musicólogo e curador do projeto, se dedica à direção musical desse primeiro disco, com nove composições definidas a partir de partituras e documentos históricos deixados por Eitler, sob a guarda dos filhos do artista.

Para apoiar o lançamento do CD, o projeto conta com uma campanha de financiamento colaborativo, com prazo para esta sexta-feira (13). Há recompensas para quem contribui: de CD inédito até concerto privado com James Strauss interpretando Eitler - "Tudo pela arte!", brinca Strauss. "No futuro, livro, turnê mundial, apresentações em teatros e casas de espetáculos, escolas estão em nosso plano".

O projeto, que propõe um resgate da memória e a valorização da obra, do patrimônio e legado culturais deixados pelo flautista, conta com o apoio de 50 profissionais em uma produção internacional entre Brasil, Equador e Venezuela. Destes, 38 músicos da Camerata Simón Bolívar, com participantes, também, da El Sistema de Orquestras da Venezuela.

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A ideia é revisitar a obra do artista a partir de uma gravação para flauta e orquestra de sua primeira fase - pentatônica impressionista, incaica e modal - e um CD virtual para sua segunda fase - Neo Clássica politonal. Difundindo um período da história musical, principalmente da América Latina, o projeto contempla também concertos em São Paulo e no Rio de Janeiro, bem como na Argentina e no Equador.

A importância de Esteban Eitler é inquestionável para Strauss: o produtor evidencia a escolha do artista na região latino-americana para suas pesquisas e criações. Para ele, a experiência de estudar e recriar a obra de Eitler está além das palavras. "Eu diria que esta experiência é das mais gratificantes, prazerosas e desafiadoras de minha vida. É uma (re) descoberta da obra de Eitler no Brasil, infelizmente ainda tão pouco conhecido e valorizado", comenta o musicólogo.

Trajetória
Na década de 1940, Eitler chegava a fazer 120 concertos por ano ao redor do mundo e vivia exclusivamente de sua arte. Nomes como Edino Krieguer, Capiba, Guerra Peixe, Hans-Joachim Koellreutter, Ernest Mahle, entre outros da música contemporânea, compuseram obras especialmente para Eitler, que morreu precocemente no Brasil aos 46 anos, em 1960.

“Por quê Esteban Eiltler, nascido no berço da música clássica europeia, a Áustria, formado na renomada Universidade Real de Budapeste, na Hungria, escolheu a região Latino-americana para suas pesquisas, estudos e criações? Porque aqui na América Latina, em especial na Venezuela, está a vanguarda da música mundial. Esteban Eitler bebeu da fonte da música andina e américa pré-colombiana e o resultado deste trabalho é uma obra genial” afirma Strauss.