Autoridades russas fecham escritórios da Anistia Internacional em Moscou

Organização, que ocupa o local há 20 anos, informou que as autoridades mudaram as fechaduras e cortaram a eletricidade

Carteira de Trabalho - Agência Brasil/Arquivo

As autoridades russas fecharam, nesta quarta-feira (2), o escritório da Anistia Internacional (AI) em Moscou, depois que o município, proprietário do local, denunciou "atrasos nos pagamentos" do aluguel, comunicou a ONG defensora dos direitos humanos.

"Os funcionários da organização comprovaram nesta manhã, por volta das 10h locais (5h Brasília), que o local foi fechado em sua ausência", informou a Anistia Internacional em um comunicado.

"Todas as nossas coisas, nossos computadores e nossos documentos estão aqui, por trás das portas fechadas", escreveu no Facebook Ivan Kondratenko, um funcionário da organização na Rússia.

A Anistia Internacional publicou uma foto do locais fechado, sobre o qual está escrito que a ONG deve entrar em contato com a prefeitura para obter informação. Há um número de telefone, mas ninguém atente, explicou Kondratenko.

A organização, que ocupa este local há 20 anos, informou que as autoridades mudaram as fechaduras e cortaram a eletricidade.

"Não sabemos o que levou as autoridades de Moscou a impedir o acesso de nossa equipe a seus escritórios. É uma má surpresa", reagiu em um comunicado John Dalhuisen, o diretor para a Europa da AI.

"Dado o clima atual para a sociedade civil na Rússia, há várias explicações possíveis", acrescentou.

O município de Moscou, em um comunicado citado pela agência de notícias Ria Novosti, afirma que a ONG foi avisada "de várias irregularidades sobre o pagamento do aluguel" e que, embora tenha sido concedido um mês para solucionar este problema, ignorou o pedido das autoridades.

O escritório de Moscou é o único da Anistia Internacional na Rússia.

A Rússia submete as ONGs a um controle cada vez mais rigoroso. Desde 2012, uma lei obriga as que recebem financiamento do exterior e que realizam uma "atividade política" a registrarem-se como "agentes do exterior".

Desde maio, uma nova lei permite bloquear as contas bancárias ou fechar sem decisão judicial qualquer organização estrangeira considerada como uma ameça para a "segurança nacional".