Vale a pena assistir 'Voldemort: A Origem do Herdeiro', filme feito por fãs?

Produção que explora a saga britânica "Harry Potter" já se tornou o vídeo mais visto do YouTube

O italiano Stefano Rossi interpreta Tom Riddle, o Lorde Voldemort - Divulgação

Quando o trailer de "Voldemort: A Origem do Herdeiro" se tornou viral na Internet, fãs da renomada série de livros e filmes "Harry Potter" recebiam de bom grado mais um meio de explorar a franquia. Histórias derivadas do material original escrito pela britânica J.K. Rowling são comuns, assim como de outras obras populares: as chamadas fanfics, literatura amadora criada por fãs que expande o universo oficial, é um fenômeno em expansão por todo o mundo. Não é muito comum que produções feitas por fãs embarquem no mundo do audiovisual, visto que questões como direitos autorais são complicadas de contornar — os personagens e a franquia em si pertence, afinal, à Warner Bros, responsável pela adaptação cinematográfica, e à própria autora.

Nesse cenário, o trailer do filme independente foi recebido com alegria, mas também com receio. Eram poucos os que acreditavam que a produção iria para frente. Tudo mudou quando a própria Warner autorizou a elaboração do média-metragem (no total, possui 52 minutos de duração), contanto que não houvesse lucro comercial envolvido na produção (o dinheiro do projeto foi arrecadado via doações de fãs da saga).

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Pois bem, depois da espera, eis que estreia "Voldemort: A Origem do Herdeiro", filme escrito, dirigido e editado pelo italiano Gianmaria Pezzato. A produção está disponível gratuitamente na plataforma digital YouTube e possui legendas em diversos idiomas, incluindo Português (para ativá-las, basta clicar em “CC”, depois “Configurações” e “Legendas”).

A trama, que serve como um adendo ao universo de "Harry Potter", explora o passado do Lorde das Trevas (Stefano Rossi, mais novo, e Davide Ellena, mais velho) durante sua passagem pela Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e pouco após a conclusão dos seus estudos, quando ainda aceitava se chamar Tom Riddle. Através do relato de Grisha McLaggen (Maddalena Orcali), herdeira de Godric Gryffindor e personagem fanmade que não existe na história original, o filme apresenta outros personagens herdeiros dos fundadores das Casas de Hogwarts e caminha pela jornada de Voldemort em busca dos objetos que virariam suas Horcruxes, que abrigam um pedaço de sua alma e que, na série de livros original, o bruxinho Harry Potter toma conhecimento no sexto livro, partindo, então, em busca delas.



Levando em consideração que a produção do filme é totalmente independente, o resultado pode ser considerado suficientemente bom. O que mais deixa a desejar são os diálogos, que soam estranhos tanto pela atuação, que algumas vezes não é das melhores, quanto por serem um pouco fracos, como se lhes faltasse conteúdo. Não ajuda, também, que sejam dublados em inglês, quando a produção poderia ter simplesmente adotado o italiano como língua falada.

A trama em si não é forte, ficando a sensação de que o passado do vilão não foi suficientemente explorado e que a história se manteve nas partes já citadas no universo canônico dos livros. É importante lembrar, também, de se tratar de uma obra feita por fãs para fãs, não precisando ser perfeita (é impossível, no fim das contas, que se replique a maestria de J.K. Rowling ao criar toda a mitologia bruxa). Vale a pena, no entanto, assistir o filme pelas referências à obra original. Afinal, para os fãs, explorar o tão amado universo bruxo nunca é demais.

 Cotação: Regular

Os descendentes dos membros fundadores das Casas de Hogwarts fazem parte do filme. Da esquerda para direita: Tom Riddle (Stefano Rossi), Lazarus Smith (Andrea Bonfanti), Wiglaf Sigurdsson (Andrea Deanesi) e Grisha MacLaggen (Maddalena Orcali).