Garrafas de vinho: história

No século XVII, os ingleses fabricaram vidros mais espessos

Utensílio é essencial para a guarda da bebida - Arquivo pessoal

Mês passado lhe falei sobre o berço do vinho, a Georgia, onde foram encontrados vestígios dessa bebida datando de 8.000 anos atrás. Você já teve a curiosidade de imaginar como ela era envazada, naquela época? Grandes recipientes arredondados de barro, denominados dolium (ou kvevri), que comportavam dezenas de litros de vinho - ou azeite, salmoura e outros líquidos - eram o único recurso.

Usados também para a prensagem e fermentação das uvas, tinham o interior recoberto por resina ou cera, certamente transferindo gosto à bebida. Com bocas bem largas, sua vedação era muito difícil. Ademais, devido ao peso e ao formato, eram inconvenientes para o transporte marítimo de então.

Foi aí que os gregos criaram a ânfora, bem menor, de formato alongado (que permitia ser deitada) e com duas alças. Esse recipiente, que reinou absoluto por séculos, foi utilizado pelos romanos para transportar vinho para suas tropas ao longo do seu vasto império.

Tantas unidades foram produzidas que o Monte Testaccio, um morro artificial em Roma, formou-se a partir de milhões de ânforas danificadas e ali descartadas ao longo de 150 a 300 anos. Com a conquista do que hoje é a França, os romanos conheceram o barril de madeira, já usado pelos gauleses.

Mais leve, com formato que permitia sua rolagem pelos soldados e sem risco de rachaduras durante as viagens terrestres, rapidamente foi adotado, desbancando o domínio da ânfora de barro. Você deve estar se perguntando: onde apareceu a garrafa nessa história?

O vidro natural foi utilizado em instrumentos desde a idade da pedra e foi produzido 3.000 anos aC, na Síria. Porém foram os romanos - sempre eles - que primeiro sopraram o vidro. Num processo manual, que gerava garrafas frágeis, inviáveis para transporte.

Apenas no século XVII os ingleses desenvolveram o forno de carvão, gerando vidros mais espessos e resistentes. Mudando o rumo da história vitivinífera. Inicialmente eram garrafas ovoides, achatadas, em formato de cebola. Com o passar dos séculos tomando várias outras formas, até chegar às atuais.

Faltando dizer que o volume delas sempre foi muito impreciso, variando até em centilitros. Só outro dia desses, em 1979, movidos pela globalização comercial, americanos e europeus padronizaram a garrafa de 750ml. Mas, você sabe, não é leitor, existem outros tamanhos. Só que esse assunto vai ficar para o próximo artigo. Desculpe, mas tenho espaço não. Por hoje, tim, tim, brinde à vida.

EM DESTAQUE
Maria Izabel na Vivino

Você conhece esse aplicativo para smartphones e similares? Não? É bem popular no mundo inteiro, com cerca de 26 milhões de usuários. Nele, consumidores atribuem notas aos vinhos degustados. Anualmente o Vivino premia os destaques do ano anterior. A última edição posicionou o Quinta Maria Izabel Vinhas da Princesa entre os 3 melhores de Portugal e os 50 melhores brancos do mundo. É um grande feito, considerando-se que foi um vinho lançado há tão pouco tempo. Tim, tim.

ADEGA
Pacheca Superior 2013
Preço: R$ 99,90 Onde: Lacomex, 3081.2131
A Lacomex está com promoções muito interessantes. Uma delas é este tinto da Quinta da Pacheca, localizada no Douro, que produz vinhos há quase 300 anos. É um tinto encorpado e persistente.

*É médico e enólogo. Escreve quinzenalmente neste espaço