[FOTOS] Bonecos gigantes, do tamanho da tradição

Em sua 31ª edição, o desfile dos calungas de Olinda levará às ruas 100 personagens, 40 músicos e 100 passistas

Desfile dos bonecos gigantes em Olinda - Anderson Stevens

O ritmo frenético até na fala traduz a ansiedade que Sílvio Botelho tem para colocar diante do público suas criações. Mesmo fazendo isso desde 1974, quando elaborou o Menino da Tarde, o criador dos bonecos gigantes de Olinda emociona-se como pela primeira vez a cada sobrancelha que pinta sobre o rosto de um personagem ou tecido que corta para dar origem às vestimentas coloridas de um dos símbolos da festa de Momo no Estado. A arte dele cresceu e, em 1987, culminou no Encontro dos Bonecos Gigantes. Em sua 31ª edição, o evento deve reunir, nesta terça-feira (13) de Carnaval, a partir das 10h30, cerca de 100 bonecos de vários artesãos, 40 músicos e 100 passistas no Largo do Guadalupe, passando por pontos como a rua do Guadalupe, Largo do Amparo, rua do Amparo, Quatro Cantos, prefeitura, até chegar ao Varadouro.

Entre as novidades deste ano, estão os bonecos do MC Troinha e do jornalista Francisco José, além do de Luiz Adolpho Alves e Silva, presidente do Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite e homenageado do encontro deste ano. “Temos bonecos novos e os bonecos mais tradicionais, que são o charme da festa: o Homem da Meia-Noite, a Mulher do Dia. Quando se fala do Carnaval do Rio de Janeiro, se pensa no samba. Quando se fala no da Bahia, se pensa no axé. Quando se fala no de Olinda, se pensa na magia dos bonecos gigantes. Isso não nasceu do dia para a noite”, resume Botelho, lembrando da revolução que provocou ao criar o terceiro boneco da cidade, em 1974. “Sofri críticas quando fiz O Menino da Tarde. Hoje, temos um Carnaval gostoso. O Brasil todo olha para o nosso Carnaval”, complementa.

A fabricação dos bonecos também evoluiu. Antes, levava até um mês para moldar um corpo, com peso de 30 quilos. Hoje, até cinco exemplares bem mais leves são feitos por dia misturando fibra de vidro, isopor e outros elementos. “Quando deixei os bonecos menos pesados, com 25 quilos, foi uma revolução na cidade. Até brincaram, dizendo que os havia levado para um spa. Hoje, esse peso chega a 13 quilos. Mas o Homem da Meia-Noite continua com 50 quilos. Ele é tradição, o grande calunga”, diz Botelho, que já soma mais de 1,3 mil criações ao longo de 44 anos.

Apesar das mudanças feitas em seu processo criativo, ele ainda tem dezenas de ideias e lamenta não poder executar todas. “Se eu tivesse um galpão grande, já tinha feito não só esses bonecos pequenos. Vinha com bonecos maiores, articulados, de espuma. Está tudo na minha cabeça, mas não posso executar porque não tenho onde botar”, explica o bonequeiro, que, atualmente, faz gigantes de três metros de altura com feições cada vez mais parecidas às das personalidades nas quais foram inspirados.

Recife

A Embaixada de Pernambuco - Bonecos Gigantes de Olinda também promove um desfile com criações da instituição e de outros artesãos na segunda-feira, em Olinda, e na terça, no Recife. O encontro, chamado de Apoteose dos Bonecos Gigantes, terá saída às 17h, da Praça do Arsenal, no Bairro do Recife. Cinquenta exemplares devem participar do evento, que costuma atrair o público no encerramento da festa de Momo na Capital.