MPPE recomenda cuidados com os Chalés do Carmo

Dentro do Sítio Histórico de Olinda, edificações do século 19 estão em poderão receber reparos em breve

Chalés do Carmo, no Sítio Histórico de Olinda - Arthur de Souza / Folha de Pernambuco

Construídos à beira-mar como prováveis moradias de veraneio para uso da família proprietária, os Chalés do Carmo, localizados na Avenida Sigismundo Gonçalves, fazem parte da história de Olinda. Quatro edificações coloridas, datadas do século 19, mas que estão entregues ao acaso. Nesta semana, as ações envolvendo as edificações, hoje nas mãos da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) ganharam um novo desdobramento. A promotora de Meio Ambiente, Patrimônio Histórico, Habitação e Urbanismo de Olinda, Belize Câmara, recomendou que obras emergenciais deverão ser feitas de imediato para a conservação dos imóveis.

Entre as recomendações feitas pelo Ministério Público estão o início imediato do reparo das edificações, bem como o exercício de vigilância no local. Antes destinados como herança, os chalés possuem hoje uma situação crítica. Há risco de desabamento e desprendimento de material construtivo por conta do fluxo de veículos na avenida.

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Além disso, alguns materiais como as fiações elétricas, esquadrias e até parte do piso de madeira de lei (sucupira) foram subtraídos. Hoje, as grades de cada uma das casas estão seladas com um muro de tijolos e cerca de arame farpado, para impedir invasões. Na fachada, pichações.

O estado atual dos imóveis, tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), são ponto de tristeza e indignação para os habitantes da cidade. “Infelizmente é o retrato da política que prioriza outras coisas. Eu também, como morador daqui, passo por essa dor”, disse o professor Paulo Fernando, morador de Olinda. Além de Paulo, a educadora Maria José também aproveitou para criticar as antigas gestões, que não cuidaram devidamente do patrimônio histórico. “Os outros governos não olhavam para este lado, do Patrimônio Histórico, só focavam nas festas”, comentou.

Procurada, a Fundarpe informou que não iria se posicionar sobre a recomendação do Ministério Público sobre os Chalés porque ainda não havia sido notificada oficialmente.

HISTÓRICO
Ao todo são quatro casas, que pertenciam ao comerciante português João Fernandes de Almeida. Ele presenteou cada uma de suas filhas, e colocou os nomes delas (Zulmira, Beatriz, Alice e Julieta) ao lado das residências, detalhe que pode ser percebido até hoje. Os chalés deixaram de ser propriedade particular em 1977, quando o governo do Estado os desapropriou para instalar o Fórum de Olinda, que hoje está na Avenida Pan-Nordestina.

As casas também já funcionaram como um local de serviços à população (retirada de documentos e outros trâmites focados na criança e adolescente), antigamente conhecidas como Casas da Cidadania. Em 2016, passaram do controle da Prefeitura para o do governo novamente, estando sob custódia da Fundarpe.