Importadores vão ao Cade contra Petrobras

Empresas de combustíveis acusam a Petrobras de praticar preços abaixo do mercado internacional

Petrobras - Reprodução/Fotos Públicas

Empresas importadoras de combustíveis acusam a Petrobras de praticar preços abaixo do mercado internacional e pediram ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) investigação sobre possíveis práticas anticoncorrenciais pela estatal. A acusação é da Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis (Abicom), entidade que reúne nove empresas que trazem derivados de petróleo do exterior para o Brasil.

Leia também:
Petrobras aprova proposta de acordo com a Sete Brasil
Resposta para preço caro da gasolina não está na Petrobras, diz Parente
Cade veta aquisição da Liquigás pela Ultragaz


"A Petrobras vem falando que sua política de preços prevê a paridade de importação [que soma as cotações internacionais mais os custos de transporte], mas a gente observa que isso não tem acontecido em alguns portos", disse o presidente da entidade, Sérgio Araújo. A estatal nega e diz que o crescimento das importações por terceiros nos últimos anos é uma evidência de que não há obstáculos à atuação de outros fornecedores.

A Abicom entrou com representação no órgão de defesa da concorrência no fim de fevereiro. A informação foi antecipada pelo jornal Valor Econômico e confirmada pela reportagem com a entidade. De acordo com Araújo, a ideia é provocar o Cade a investigar os preços praticados pela estatal, para entender se há práticas anticoncorrenciais.

As importações de combustíveis por empresas privadas dispararam nos últimos anos. Desde o início de 2017, porém, a estatal vem demonstrando preocupação com a perda de mercado. Em julho, alterou sua política de preços para garantir maior flexibilidade à área técnica para enfrentar a concorrência.

Importações
De acordo com a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), a empresas privadas foram responsáveis por 78,6% das importações de gasolina e 95,7% das importações de diesel em 2017.

"Outros agentes aumentaram sua participação nos últimos anos e continuam a importar gasolina e diesel para o país, o que é uma evidência de que a Petrobras não impede a atuação de outros fornecedores nesse mercado", disse, em nota a estatal.

Araújo diz que a prática de preços mais baixos começou a se intensificar em dezembro do ano passado. Ele reclama que a estratégia da Petrobras prejudica empresas que realizaram investimentos ou fizeram contratos de longo prazo para armazenar combustíveis importados. "A gente não conhece o custo da Petrobras, então estamos querendo saber se ela tem praticado preços abaixo de custo", diz ele.

Com a perda de mercado, a Petrobras tem operado suas refinarias com elevados níveis de ociosidade. No terceiro trimestre de 2017, último dado disponível, o nível de utilização da capacidade das refinarias estava em 78%.